Bruxa Errante, a Jornada de Elaina

Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 08 – Cap. 04.1 – Bem-vinda à Toca do Crime

 

— Uma campanha de erradicação de empresas criminosas?

Saya foi chamada repentinamente para a filial da Associação Unida da Magia na Cidade Mercante de Triones.

Esperando por sua instrutora, a Bruxa da Meia-Noite, Sheila. Ela permaneceu em frente a um cartaz, fumando seu cachimbo. O cartaz mostrava a imagem de uma bruxa com um sorriso convencido e um slogan duvidoso: A CAMPANHA DE ERRADICAÇÃO DE EMPRESAS CRIMINOSAS ESTÁ A CAMINHO! VAMOS FAZER A LIMPA NOS MEMBROS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS ATÉ QUE NÃO SOBRE UM!

— Isso mesmo, estamos vivendo em uma época perigosa, então a liderança da Associação Unida da Magia decidiu fazer algo sobre isso. — A antiga instrutora de Saya exalou uma nuvem de fumaça.

Saya balançou a mão em frente ao rosto para evitar respirar a fumaça tóxica.

— Então, mais especificamente, o que fazemos nesta campanha?

— Boa pergunta — acenou Sheila. — Como está escrito no cartaz, a Associação Unida da Magia vai estar caçando os elementos criminosos em cada cidade e país, trabalhando por trás das cenas para erradicá-los.

— Entendo.

— A propósito, esse cartaz já foi colocado em todo o lugar.

— Isso não parece muito com trabalhar por de trás das cenas, parece?

— Bem, de qualquer forma, a campanha está em andamento.

— E por que exatamente é a sua foto no cartaz?

Atrás de Sheila, que estava parada em frente ao cartaz com seu sorriso convencido, estava outra imagem dela no próprio cartaz, também com um sorriso presunçoso e segurando o cachimbo na boca. A presunção ali era tal alta que fez os olhos de Saya doerem.

 

 

 

— O porquê você quer saber? Obviamente por eu ser a pessoa mais apropriada para erradicar tais empresas criminosas.

— ……

— Quê?

A professora de Saya estreitou os olhos.  Ela era a própria imagem de uma golpista, praticamente transbordando de atitudes ruins. Talvez ela tenha sido escolhida como o rosto da campanha porque se parecia com o tipo de pessoa que comandava uma empresa criminosa.

Era isso que Saya estava pensando, mas sabia que era melhor não contar à sua professora, então virou seu olhar e disse:

— Nada demais.

Sheila olhou Saya de cima a baixo.

— Bom, então é isso que está acontecendo. Você não está ocupada, certo? Venha comigo destruir uma dessas empresas criminosas.

O tom dela era tão casual quando pediu a Saya para se juntar à tarefa.

— Está falando sério?

— Muito sério. Aqui, pegue isso. — Sheila balançou um pedaço de papel na cara de Saya. — O primeiro passo é investigar esse lugar.

Era um mapa.

O nome de uma cafeteria estava circulado.

Sheila disse para Saya, que encarava o mapa:

— A organização que gostaria que investigasse comanda uma cafeteria que parece ser um negócio legítimo. Obviamente, só se parece desse jeito, na verdade é uma fachada para as operações criminosas da organização.

De acordo com Sheila, dificilmente algum cliente normal ia até lá e a maioria das pessoas que iam, pareciam ir a fim de comprar drogas ou contratar um assassino ou algo assim. Isso a fez se perguntar que tipo de negócios estavam sendo feitos lá dentro. Infelizmente, ela não conseguiu reunir nenhuma evidência provando que a cafeteria na verdade seria o lar do crime.

Isso significava que ela gostaria que Saya fosse disfarçada como uma cliente, reunisse evidências de quaisquer crimes sendo cometidos na cafeteria e destruísse a organização por trás disso.

Uh-huh, entendo…

Saya concordou com a cabeça.

— E posso recusar?

— É claro que não.

Sua professora a interrompeu impiedosamente e voltou a fumar seu cachimbo.

Saya tentou indicar seu descontentamento balançando a mão em frente ao rosto para limpar a fumaça, mas sua professora não pareceu perceber.

 

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A garota sentiu orgulho no fato de que todos os locais conheciam Yuuri, a Viajante.

Seu cabelo castanho claro era adorável, amarrado por trás de sua cabeça em duas tranças. Quando essa descolada beldade andava pela cidade, inevitavelmente atraia muita atenção.

Hoje não foi diferente. Enquanto andava pelo centro da cidade, os residentes cochichavam e apontavam para Yuuri, que podia ouvi-los conversar sobre ela.

Ah, tenho certeza que eles não conseguem não se maravilhar com a minha beleza, do quão bonita e descolada, certo? Heh-heh-heh! Como pensei, sou realmente durona.

Cobrindo-se com uma confiança não merecida, a garota caminhava pelas massas ignorantes.

— Ei, aquela garota ali…

— Não há dúvidas… ela é aquela cliente problemática que costumava beber café naquela cafeteria aqui perto até estar coberta de vômito…

— É a garota vômito…

— Ei, tenham certeza de não deixar ela entrar na loja de vocês…

As pessoas definitivamente não cochichavam sobre como ela era bonita ou descolada, mas essa parte não chegou aos seus ouvidos.

Essa garota tentava agir de forma descolada e beber café, mas sempre acabava vomitando por cima de si mesma. Ela já havia sido banida de vários estabelecimentos, mas toda vez que acontecia, ela bolava uma desculpa conveniente para contar a si mesma. Por exemplo, tinha certeza que a única razão de ter sido banida de tantas cafeterias era por conta da sua aparência de fora da lei. A verdade, infelizmente, estava longe de chegar a ela. Nada conseguia abalar sua confiança imerecida. A menina parecia ter alguns parafusos soltos.

Entretanto, havia uma razão do porquê essa garota, que não era mais do que uma maga comum, estar fascinada por palavras como durona e fora da lei.

Apesar de Yuuri ser agora uma simples viajante, ela já tinha sido uma membra da máfia e ainda ansiava pela emoção de uma vida de crime. Mesmo que agora pensasse em se tornar uma grande bruxa, seus sentimentos sobre este assunto não mudaram muito.

— ……

No decorrer de suas viagens, Yuuri aprendeu sobre um lugar chamado País dos Magos que aceitava apenas usuários de magia. Imaginando que aquele seria o melhor lugar para desenvolver seus talentos mágicos, decidiu ir até lá.

No entanto, ela tinha muito tempo para viajar e não precisava ter pressa. Então enquanto se dirigia ao País dos Magos, Yuuri gastava muito de seu tempo apreciando os pontos turísticos.

— Hmm… Que interessante.

Nesse país não era diferente, ela estava aproveitando alguns pontos turísticos.

Enquanto andava, Yuuri abriu um pedaço de papel.

Era um mapa que marcava a localização de uma cafeteria em particular. Yuuri ouviu que aqui, na Cidade Mercante de Triones, tinha uma cafeteria comandada por uma gangue de criminosos que a usavam como fachada de todos os tipos de crimes indescritíveis…ou pelo menos esse era o confuso conceito do que aparentava ser um novo restaurante temático extremamente apelativo

— Ao que parece, realmente havia outra cafeteria que era fachada de algum tipo de organização criminosa, mas…

Mas o lugar onde ela estava indo era só um restaurante temático comum.

Essa cidade teve um grande surto de restaurantes temáticos ultimamente.

Pensando nisso, aquela cafeteria que fui antes tinha empregadas usando orelhas de gato ou algo assim, miando enquanto desenhavam corações de ketchup nas omeletes.

Yuuri levou sua memória de volta à cena.

— Uma garota casca-grossa como eu nunca se rebaixaria a algo assim — zombou enquanto bebia seu café. Até que prontamente vomitou e eles a baniram do local.

De qualquer forma, colocando tudo aquilo de lado, ela estava indo em direção à cafeteria que parecia ter algum tipo de empresa criminosa comandando.

Se o objetivo de Yuuri era se tornar uma bruxa, não poderia ficar com medo de alguma organização criminosa mundana. Se realmente queria ser alguém casca-grossa, precisava primeiro experienciar alguns falsos crimes para melhorar sua coragem.

— Bem… já que eu costumava trabalhar em um lugar que era mais ou menos comandando por criminosos, não tenho nada a temer — disse para si mesma.

“Hmmph… é, não é nada demais. — Com uma jogada de cabelo, ela caminhou para dentro.

E então, bam!

— Kyah!

Aparentemente, ler o mapa enquanto andava era a coisa errada a se fazer. Yuuri esbarrou em uma pessoa que andava na direção oposta.

O impacto repentino derrubou Yuuri no chão.  Dois pedaços de papel flutuaram pelo ar e então caíram. Diante de Yuuri estava outra garota, que também caiu de costas.

Yuuri se levantou envergonhada.

— D-Desculpe…! Me distrai um pouco olhando para o meu mapa… — Ela pegou seu mapa e se desculpou em pânico, o que não era muito casca-grossa de sua parte.

— Não, não! Eu que peço desculpas. Fui eu quem estava olhando para meu mapa e não onde deveria ir… — A outra garota se levantou quase ao mesmo tempo e pegou seu pedaço de papel também.

Entendo, então aparentemente ela estava entretida no seu mapa, igual a mim. Yuuri pensou.

— ……

Quando olhou para o peito da garota, contudo, imediatamente reconheceu que as duas eram muito diferentes. Um broche em formato de estrela e um em formato de lua eram exibidos com orgulho sobre o manto da garota.

Em outras palavras, diante de seus olhos estava uma bruxa e mais do que isso, uma que trabalhava para a Associação Unida da Magia.

Ela não é uma maga normal como eu. É uma bruxa, com posição oficial e tudo. Mesmo que tivéssemos quase a mesma idade.

— Grr… — Amargura e inveja se acumularam nas bochechas de Yuuri enquanto bufava.

— Huh? O que foi? Por que você está me encarando…? — A bruxa observava surpresa. Ela vestia manto e chapéu triangular pretos.  Julgando pelas suas características, parecia ser do leste e possuía cabelos escuros como carvão e olhos negros como tinta. Estava toda de preto, da cabeça aos pés.

Yuuri inclinou sua cabeça curiosamente.

Huh… Sinto como se já tivesse visto o chapéu triangular que esta garota está usando em algum outro lugar antes…? Onde pode ter sido?

— Bem… de qualquer jeito, não importa. — Yuuri murmurou rapidamente, dispensando quaisquer perguntas adicionais. Ela era alguém que vivia cada dia de forma desleixada e sem dar muita importância.

— Bom, hmm… de qualquer forma, desculpe… Você não está machucada, está? — A bruxa sem nome perguntou constrangida.

— Oh, não! Sou eu quem deveria me desculpar! Não estava olhando para onde ia… — Yuuri abaixou sua cabeça e se curvou para a bruxa. Se curvou de uma forma surpreendentemente normal para alguém que almejava se tornar uma mulher casca-grossa.

As duas garotas passaram mais um tempo se desculpando antes de partirem em caminhos separados, encarando seus mapas novamente.

A cafeteria era mais perto do que Yuuri esperava.

— …Aqui, huh?

Ela parou em frente à loja, olhou para a placa em cima e então abriu a porta.

O que ela falhou em perceber era que o papel em sua mão, de fato, não a direcionou para um peculiar novo restaurante temático, mas para uma verdadeira fachada do crime organizado.

Ela não tinha percebido que havia trocado os mapas com a bruxa quando colidiram.

 

Novo Restaurante Temático Peculiar

 

— Bem-vinda! Eu sinto muito, mas estamos lotados agora… Você se importaria em compartilhar uma mesa?

Depois de trombar com uma garota que nunca havia visto antes, Saya finalmente chegou à cafeteria que supostamente era usada como fachada para uma organização criminosa.

Quando abriu a porta, um sino soou e uma garçonete apareceu dos fundos com um sorriso de desculpas.

O interior da cafeteria era dividido em pequenos quartos privados, organizados de maneira a ser difícil ver o quão lotado estava o lugar. Isso, por si só, não era o suficiente para despertar suas suspeitas, apesar de que seria difícil bisbilhotar se estiver presa dividindo uma mesa. Mesmo assim, iria atrair muita atenção se ela demandasse um lugar e uma mesa só para si, por isso, Saya apenas acenou e respondeu:  — Tudo bem.

— Certo, então. Por aqui, por favor.

Depois de se curvar educadamente, a garçonete levou Saya para o interior da cafeteria.  Apesar de ser meio dia, nenhum tipo de luz do sol penetrava o interior, que era envolvido em uma atmosfera tenebrosa. As luminárias penduradas no teto davam um brilho fraco. Em geral, o lugar inteiro era suspeito. Parecia que algo suspeito poderia estar acontecendo naquele exato momento.

Era o suficiente para fazer Saya se perguntar se conseguiria parar um acordo ilegal no momento se abrisse uma das portas para um quarto privado.

A garçonete continuou por uma curta distância no restaurante, abriu uma das portas, falou algumas poucas palavras para um cliente dentro, então encorajou Saya a entrar.

— Por favor, vá em frente.

Aparentemente, um funcionário já havia conversado com a pessoa lá dentro.

Depois que Saya agradeceu e se curvou de volta para a garçonete, entrou na sala privada.

— Olá.

A cliente na sala acenou em comprimento.

Era uma garota bonita, de cabelo branco curto, segurado por uma larga tiara. Seus olhos verdes olharam para Saya e ela deu um sorriso gentil.

— Me chamo Amnesia. E você é?

 

Verdadeira Toca do Crime e da Maldade

 

Do lado de dentro, a cafeteria era dividida em várias salas privadas. Todo o lugar tinha uma atmosfera incrivelmente suspeita.

O anfitrião certamente tinha uma aparência selvagem, com um corte de cabelo arrepiado e uma cicatriz no olho.

— …Ei. — O homem era terrivelmente direto. — Desculpe, senhorita, mas estamos lotados. Você se importaria em dividir?

Ele franziu o cenho para Yuuri. Seus olhos eram claramente perigosos, como o olhar de um predador que tem sua presa à vista.

Mesmo sendo óbvia sua vontade para que a garota se apressasse e saísse, Yuuri tinha alguns parafusos a menos.

— Hmph… sem problemas! — respondeu com uma jogada de cabelo. Ela era uma idiota.

Tch… — O Anfitrião estalou sua língua uma vez e então a levou para os fundos do restaurante.

Geralmente, uma pequena maga não era nenhuma preocupação para os criminosos casca-grossa que comandavam este lugar, mas, recentemente, a Associação Unida da Magia tinha implementado sua Campanha de Erradicação das Empresas Criminosas e, apesar de ninguém saber exatamente o que isto deveria significar, a toca do crime ainda estava bem alerta.

Chegando numa sala no fundo do restaurante, o anfitrião trocou algumas palavras com o cliente ocupando uma das salas privadas, então encorajou Yuuri a entrar.

— E aí. — Com um comprimento apressado, ela adentrou a pequena sala.

— Oi.

Dentro estava uma única bruxa, vestindo um luxuoso manto azul decorado e também um broche em formato de estrela em seu peito. Seu cabelo era do mesmo tom de azul e descia sobre seus ombros. Ela fez um aceno dramático e naquele gesto, Yuuri praticamente podia ver que a mulher estava disposta a compartilhar a mesa com ela.

— Meu nome é Sharon, — ela disse confiante. — Como pode ver, eu sou uma bruxa viajante. E você é?

Algo nela fez com que Yuuri sentisse a necessidade de tratá-la com respeito.

— Sou Yuuri. — Usando de seus melhores modos, Yuuri sentou-se à frente da Senhorita Sharon.

O anfitrião de cabelo arrepiado e má atitude colocou um pouco de água na mesa.

— Aproveite — disse ele e logo após saiu sem anotar nenhum pedido.

Yuuri podia ver que Sharon também tinha um copo de água vazio à sua frente. Aparentemente, ela também tinha chegado a pouco tempo.

— Vejo que você também é uma maga. — Sharon despejou mais água em seu copo vazio enquanto falava. — Não esperava encontrar outro usuário de magia em um lugar como este… Por acaso, você também foi abordada e solicitada para ajudar no esforço de erradicar o crime organizado?

Sharon se lembrou de quando chegou na Cidade Mercante de Triones. Ela passou o dia inteiro andando por aí com um sorriso malicioso em seu rosto. Entretanto é o destino das viajantes vestidas como bruxas se envolverem em algo problemático.

Naquele dia, ela tinha sido abordada pelos ilustres líderes da cidade.

— Recentemente, empresas criminosas começaram a usar cafeterias comuns como fachadas para vender drogas e negociar contratos de assassinato. Madame Bruxa, você poderia, por favor, chutá-los daqui de alguma forma?

Sharon pensava que se sairiam melhor pedindo algo assim à Unidade de Magia Unida, mas eles responderam à ela:

— Bem, recentemente, aquela organização lançou a Campanha de Erradicação das Empresas Criminosas, seja lá o que isso queira dizer. Aparentemente, enquanto esta campanha estiver em andamento, as taxas deles subiram.

Em outras palavras, era um desperdício de dinheiro ir atrás da Associação Unida da Magia, então eles queriam deixar isso para amadores e guardar o resto do dinheiro.

Sharon definitivamente deveria ter recusado. Ela não era uma bruxa de verdade no fim das contas, só uma garota comum vestida como uma.

…De jeito nenhum, eu não quero morrer ainda.

Naturalmente, ela ficou com as pernas bambas quando escutou as súplicas deles e sabia que deveria encontrar qualquer motivo para recusar.

No entanto, Sharon disse:

— Heh-heh! Deixem comigo. Eu vou demolir aquelas empresas criminosas!

Ela se deixou levar pelo momento e aceitou a comissão. Sharon era, por natureza, muito fácil de se manipular e não conseguia negar algo a alguém que a lisonjeava.

E então hoje, ela se infiltrou em uma das cafeterias usadas como fachada.

Eee… o que eu faço, o que eu faço, o que eu faço, o que eu faço…? Agora uma maga de verdade apareceu, graças a deus… Tudo vai ficar bem agora, né? Né? Né? Eu vou ficar bem, certo?

Contudo, devido ao seu nervosismo extremo, ela sequer conseguiu fazer um pedido e estava sentada lá bebendo água desde que chegou. Seu estômago já estava cheio de líquido. Se alguém desse um soco em sua barriga, não seria possível evitar um futuro em que ela estivesse coberta de vômito. Na verdade, essa era uma possibilidade mesmo se não levasse soco algum, por conta do seu nervosismo.

Ela estava certa que aquela maga, Yuuri, sentada à sua frente tinha chego lá por uma série de eventos parecidos. Sharon estava muito animada por ter encontrado uma parceira. Estava tão feliz que até pensava em como poderia passar o trabalho todo para a Yuuri.

Sharon olhou para Yuuri, esperando para ser salva.

Yuuri encarava o cardápio.

— Sabe, o meu sonho é me tornar uma grande bruxa um dia — ela disse — e para me tornar uma grande bruxa, é preciso conseguir lidar com alguns criminosos, não é? Essa é a razão para eu ter vindo aqui hoje. — Por algum motivo, ela parecia muito satisfeita consigo mesma.

Se Sharon estivesse com a cabeça no lugar, provavelmente estaria se perguntando sobre o que diabos aquela garota estranha estava falando. Infelizmente, ela não estava nem perto de estar com a cabeça no lugar. Medo e ansiedade preenchiam sua mente.

— Oh, isso é promissor… — ela sussurrou, baixo o suficiente para que Yuuri não pudesse escutá-la. Ela olhou para a outra garota com um olhar invejoso. Então começou a piscar os olhos de uma maneira feminina para essa maga que acabara de conhecer, a qual pensou que poderia confiar.

— Me diga, Sharon? — Yuuri olhou para cima depois de estudar o cardápio por um tempo. — Já decidiu o que irá pedir? — Nessa cafeteria, havia um sino em cada mesa que chamaria um funcionário assim que tocado.

— Hã?

Mas tocar o sino não quer dizer que queremos fazer parte de algo ilegal…?

— Não, não me decidi, mas…

Ainda não estou pronta…

— Ah, desculpe, já toquei o sino

— ……

Mas eu não… me preparei…

Sharon bufou as bochechas, indignada que Yuuri fez algo assim.

O anfitrião de olhar afiado e cabelo arrepiado apareceu em seguida.

— O’Qué que cê quer?

— Qual o meu pedido, você pergunta? Certamente você não deveria saber? — Yuuri apontou para o cardápio enquanto falava.

Café.

Ocorre que, nesta cafeteria, café era um código para narcóticos, mas Sharon não sabia disso e Yuuri também não. Ela não fazia a menor ideia do que estava pedindo.

— …… — Sharon não entendia realmente o que estava acontecendo, mas decidiu que era melhor copiar a maga por enquanto. — Tenho certeza que você saberia o que também vou pedir?

Resumindo… café.

— Claro, dois cafés.

O anfitrião de olhar afiado pegou o cardápio e saiu da sala.

 

 

 

— Heh-heh-heh… — Yuuri o encarou se retirar de volta com um sorriso atrevido. O sorriso não tinha nenhum significado em particular por trás.

— Hmm-hmm! — Com uma expressão triunfante em seu rosto, Sharon assistia o anfitrião sair. É claro, também não tinha nenhum motivo em particular para seu sorriso.

Nem a maga imprudente que tinha vindo visitar esta cafeteria, nem a garota descuidada que se vestia como uma bruxa tinham ideia alguma do que estava acontecendo.

Assistindo as duas garotas de longe, os funcionários da cafeteria tremiam de medo.

— Ei… não há dúvidas… aquelas duas devem ter vindo aqui pela Associação Unida da Magia… — O empregado de meio período “A” lamentou. — Só olhar para elas… Olhem aqueles rostos… Elas com certeza estão aqui para acabar com a gente…

— Estamos acabados… — O empregado de meio período “B” se desesperou. — A Associação descobriu o segredo da nossa loja…

— Inacreditável… — O empregado de meio período “C” baixou a cabeça. — Elas pediram dois cafés… Estão planejando nos incriminar por vender drogas…

— Não percam a cabeça. — O gerente apareceu. Era o cara de olhar intimidador com o penteado arrepiado. Ele estava fingindo ser o anfitrião enquanto servia as duas clientes.

— Ah, irmãozão! — Os três trabalhadores de meio período olharam para ele com inveja.  Todos na cafeteria chamavam o gerente de “irmãozão”.

— Está tudo bem… O fato de aquelas duas ainda não terem partido para a violência significa que ainda estão tentando coletar evidências. Sejam educados e peçam para que elas voltem uma outra hora…

Então, uma batalha silenciosa entre uma toca de criminosos contra uma maga com alguns parafusos soltos e uma garota que só gostava de se fantasiar de bruxa começava.

 

Novo Restaurante Temático Peculiar

 

— Uau… então você viaja a trabalho, certo, Saya? Que legal!

Mesmo que elas estivessem numa sala privada, era fácil dizer pelas paredes que a cafeteria estava lotada. No meio da conversa barulhenta, Amnesia mantinha um comportamento calmo, acenando e aproveitando a história de Saya.

Muito tempo atrás, num lugar chamado País dos Magos, Saya havia aprendido magia de uma bruxa com cabelo cinzento e tinha trabalhado duro para se tornar alguém como ela. Para encurtar a história, toda a sequência de eventos era a razão para Saya estar agora viajando como uma bruxa errante.

Saya estava animada em recontar como nunca teria essa vida feliz hoje se nunca tivesse encontrado aquela bruxa. Por algum motivo, também compartilhou que estava apaixonada por aquela bruxa. Acrescentou ainda que aquela outra bruxa provavelmente estaria apaixonada por ela também.

Em segredo, Amnesia pensou que aquela garota estava falando algum tipo de baboseira.

— Eu também tive momentos ruins no passado.

Depois de escutar Saya por um tempo, Amnesia também contou sua história de vida, contando os trancos e barrancos.

Coincidentemente, ela também foi salva por uma bruxa errante e elas tinham voltado juntas para sua terra natal, flertando por todo o caminho. Foi mais ou menos como ela contou sua história. Amnesia tentou usar um pouco de humor para evitar que a história ficasse pesada demais.

Ela continuou contando como agora era apenas uma viajante comum, procurando um novo lar com sua irmãzinha.

Porém, aparentemente as duas foram incapazes de deixar para trás suas preocupações ou dificuldades desde que começaram a viajar. Sua roupa era o uniforme da Ordem dos Cavaleiros Sagrados de sua terra natal.

— Não tínhamos nenhum dinheiro guardado — disse Amnesia, — então viajamos da forma mais barata… e não temos nenhuma roupa adequada… — Ela desviou o olhar envergonhada.

Saya queria dizer que o uniforme combinava com ela, mas tendo em vista que a pessoa o vestindo não parecia pensar o mesmo, ela apenas respondeu:

— Entendo… Parece complicado… — concordou em simpatia pelas dificuldades da outra garota.

— ……

— ……

— O que faríamos se ela fosse a mesma pessoa? Oh-hoh-hoh…

— Realmente, me pergunto o que faríamos? Eh-heh-heh

Um ar tenso e estranho se prendeu à mesa.

De qualquer forma, as razões de Saya para visitar a cafeteria não incluíam confirmar que sua conhecida Elaina estava secretamente juntando namoradas por todo lugar sem o seu conhecimento. Estava um pouco curiosa sobre a bruxa que tinha salvo a garota sentada à sua frente, mas decidiu não se intrometer ainda mais.

Independente disso, podia ver que Amnesia terminou sua história, então paginou o cardápio.

— ……

Acho melhor eu fazer o meu trabalho, Saya pensou enquanto abria o cardápio. Primeiro de tudo, preciso saber se esta loja é mesmo um lugar de negócios ilícitos… Preciso escolher meu pedido com cuidado…

— Ah! — Amnesia mostrou a Saya o seu próprio cardápio, seus olhos brilhavam em excitação. — Olhe Saya! Olhe isto aqui! Eles tem drunken hotpot1O drunken hotpot é um ensopado cinco em um com quatro bases de sopa diferentes.! Parece que tem drogas dentro. Que divertido!

Isso não é divertido!

Foi o suficiente para fazer Saya querer gritar. O que essa garota estava dizendo? E também, por que uma cafeteria serviria ensopado?

— As bebidas também são todas divertidas. “Refrigerante de melão afogado” e “café enforcado” e “chá envenenado”. Parece que todas as bebidas do cardápio são tematizadas envolta de maneiras de se matar alguém.

Amnesia tinha vindo nessa cafeteria em busca de um trabalho de meio período. Ela não tinha nenhum lugar para ir e pensou que trabalhar em um restaurante temático era interessante.

— Esta cafeteria não é incrível? Os nomes de todas as bebidas e comidas usam palavras perigosas. É quase como se houvesse algo perigoso por trás dos panos…

— Shh!

Amnesia estava prestes a dizer que eles fizeram um bom trabalho no lugar, mas Saya pressionou forçadamente sua mão contra os lábios de Amnesia e a silenciou. Amnesia lutou, mas Saya sussurrou urgentemente

— Você não deve dizer coisas perigosas assim em voz alta! O que pensa que este lugar é?! Eu vim aqui disfarçada para investigar!

Saya havia se infiltrado secretamente no esconderijo dos criminosos. Ela estava claramente se vestindo como uma bruxa, mas de alguma forma, pensava que não tinha sido notada ainda. Então gostaria de evitar confusões sem motivo.

Saya manifestou sua irritação com um grunhido.

Amnesia lutou novamente e se perguntou no que a garota à sua frente estava pensando.

Ela realmente está agindo como se este lugar fosse comandado por criminosos!

— De qualquer forma, por favor, não aja como se você suspeitasse de algo! Caramba! — Saya estava realmente brava.

Essa garota é um pouco difícil de entender, Amnesia pensou consigo novamente.

 


 

Tradução: Vinnyel

Revisão: NERO_SL

 

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