Bruxa Errante, a Jornada de Elaina

Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 08 – Cap. 03 – Aquilo é Ali, Isso é Aqui

 

A cidade ficava na extremidade de uma grande planície.

Enormes muros se erguiam em direção ao céu, e um único guarda estava no portão. Ele saudou ao me ver chegar calmamente com minha vassoura, e então me cumprimentou:

— Dou-lhe boas-vindas, Madame Bruxa. Esta é a capital do Ocidente. —  Então o guarda pegou uma caneta e papel em mãos e começou uma simples inspeção de imigração. — Veio aqui hoje a turismo? Ou a trabalho?

Me questionou sobre o propósito da minha viagem e perguntou a minha idade, sexo, nome, ocupação, e todo tipo de outras coisas. Eu obedientemente respondi a cada pergunta que ele fez, uma por uma.

Finalmente, quando o questionário de imigração acabou, o guarda disse: — Tudo parece estar em ordem. A propósito, Madame Bruxa, existem muitas coisas em nossa cidade que se deve ter ciência, logo, sou obrigado a dar para todos os visitantes estrangeiros esta folha.

Enquanto dizia isso, me entregou um pedaço de papel. Estava densamente preenchido com letras bem pequenas. Tinha tantos “faça” e “não faça” que qualquer vontade que tivesse de ler aquilo desapareceu na hora.

— Por favor, siga esse guia enquanto aproveita sua estadia em nossa cidade.

Então o guarda saiu do meu caminho.

Sua linguagem corporal disse, Por aqui.

— Obrigada.

Depois de uma pequena reverência, passei pelo portão.

— Por favor, divirta-se vendo nossa cidade altamente avançada, Senhora Bruxa! — O guarda me disse enquanto eu me afastava.

— ……

Ele acabou de perder a compostura para chamar esse lugar de cidade altamente avançada?

Como o guarda declarou que este é um lugar extremamente avançado, meio que esperava, por exemplo, encontrar uma esplêndida metrópole diferente de tudo que tinha visto do outro lado dos altos e imponentes muros da cidade.

Mas as construções que acompanhavam a avenida principal eram monótonas, com muros brancos e telhados pretos, parecendo que estavam de pé desde a antiguidade. A cidade não pareceu particularmente altamente desenvolvida pra mim.

Se o que o guarda disse era verdade, não deveria esperar ver isso refletido na vida das pessoas?

Meu coração estava cheio de expectativa enquanto andava pelas ruas de pedra, mas as pessoas indo e vindo pela avenida principal pareciam cidadãos totalmente normais. Vi mercadores puxando carroças e barracas na beira da estrada oferecendo fileiras de peixe e carne fresca, mas visões como essa geralmente não eram diferentes do que se podia ver em outras cidades.

Resumindo, não tinha absolutamente nada de único neste lugar.

— Isso é só uma cidade normal, não é…?

Não havia mais nada a se dizer.

Havia entrado na cidade tentada pelos comentários do guarda, que sugeriam que aqui havia algo que eu só acreditaria vendo, mas o que meus olhos encontraram era um perfeito e ordinário cenário do cotidiano.

— ……

Talvez tenha mais alguma coisa aqui que não consiga entender apenas andando avenida abaixo, poderia ser isso?

Depois disso, vaguei aqui e ali pela cidade. Tinham me dito que iria entender assim que entrasse, mas nada estava fazendo sentido. Acabando minha teimosia, fiquei desesperada para tentar encontrar algo que me convencesse que essa Capital do Ocidente de fato merecia ser chamada de cidade altamente avançada.

A primeira coisa que tentei foi ir a um restaurante.

— Bem-vinda! Uma bruxa? — concordei com a cabeça,e a garçonete prosseguiu: — Não é permitido fumar em nenhum de nossos assentos, esperamos que você compreenda. — Depois de adicionar essa precaução, ela me mostrou o restaurante.

Agora, quanto a comida… Novamente, era perfeitamente normal.

— Bem, o que achou? A comida nesta cidade é bem deliciosa, não é? —  Parecia menos com uma pergunta e mais como se a garçonete estivesse tentando me convencer, uma óbvia visitante, de que a culinária local era, de fato, deliciosa.

— Nós somos o único lugar por aqui onde você pode comer algo tão maravilhoso, sabia?! — Ela continuou. — A comida em outras cidades não é adequada para se comer. Sabe o porquê disso?

— Não, por quê? — Inclinei minha cabeça questionando.

— É porque nossos pratos são todos feitos usando ingredientes produzidos aqui mesmo! Então são todos super deliciosos e saudáveis! Por favor, coma tudo! — A garçonete respondeu.

— Uh-huh…

Apesar de serum pouco difícil comer com você me encarando…

— Inclusive, os cozinheiros na vizinha Capital do Oriente usam apenas ingredientes importados de regiões estrangeiras, então a comida lá não é adequada para comer! É péssima!

E então tentei saborear minha refeição enquanto ela se gabava.

Por sinal, a comida no restaurante era razoavelmente gostosa, mas nada especial. Portanto quando ela me perguntou se achei que estava tão delicioso quanto o esperado de pessoas tão avançadas, não sabia o que responder.

Aparentemente, essa cidade teve uma longa disputa com uma cidade subdesenvolvida próxima. Ou talvez as pessoas aqui simplesmente odiassem seus vizinhos, porque pareciam aproveitar cada oportunidade para comparar a própria cidade com a alegadamente rival subdesenvolvida deles.

— Olá, Madame Bruxa. O que acha da linha de produtos da minha livraria? — Por exemplo, enquanto estava matando algum tempo numa livraria, o velho que era dono do lugar falou comigo. — Em nossa cidade, vendas de qualquer tipo de conteúdo violento ou sexual são estritamente proibidas. Tratam-se de livros nocivos, sabe.

Me perguntando o que exatamente havia sobrado para ler, dei uma olhada nas prateleiras e vi apenas livros acadêmicos que pareciam difíceis e uma variedade de textos filosóficos.

— Livros são para estudos, sabe. Ler por diversão é algo muito vulgar. Embora já tenha ouvido falar que no leste tem uma cidade que vende diversos livros desse tipo.

E por aí vai.

Aparentemente, esta cidade tinha algumas regras.

— Beber álcool em nossa cidade é proibido!

Por exemplo, um comerciante que passeava com uma bebida em mãos estava agora tomando sermão de um soldado na beira da estrada.

— Álcool é a bebida do diabo! Faz com que o homem se perca! Estarei confiscando isso!

— E-espera, espera só um segundo! — O comerciante se recusou a ceder. — Nunca ouvi nada sobre ser proibido trazer álcool aqui dentro…! Eles permitiam isso em outras cidades…

— Outras cidades são outras cidades! Aqui em nossa cidade, bebidas alcoólicas são estritamente proibidas! Você deve pagar uma multa de cinco peças de cobre!

O soldado não ouviu uma palavra do que o comerciante disse. Apenas tomou para si o álcool e o dinheiro e saiu.

Foi nessa hora que me lembrei da folha de papel que o guarda do portão tinha me entregado. Estava numa correria para entrar na cidade, por isso mal tinha lido ela antes de só enfiar no bolso, mas…

…aparentemente, esta cidade tinha algumas restrições:

O consumo de álcool dentro da cidade é proibido. Também é proibido trazer para dentro carne, vegetais, peixes e outros produtos alimentícios crus de origem estrangeira. Caminhar enquanto come é proibido. Apresentações de rua são proibidas. Ter posse de livros ilícitos é proibido. Animais vivos são proibidos. Fumar flores da lua é proibido. Trazer porkans  para dentro é proibido.

E assim por diante.

Não só havia uma enorme quantidade de regras a serem consideradas, mas a multa por quebrar qualquer uma delas era bem alta também. Cinco moedas de cobre por trazer comida ou bebida proibida. A partir daí, aumentavam consideravelmente, com multas de uma moeda de prata, cinco pratas, e mais por violar outros decretos.

Haviam dois itens que tinham multas ainda mais pesadas.

Pelos crimes de trazer um porkam ou uma flor da lua, você teria que desembolsar 5 moedas de ouro por cada infração.

Nunca ouvi falar sobre algo assim.

Deixa eu ver, o que diabos essas duas coisas poderiam ser?

— Hmm, com licença? — Para descobrir, parei uma pessoa andando por perto e apontei para a folha de regras. — Essas duas coisas escritas aqui, porkans e flores da lua, o que é que são?

Pareceu que o homem estava dando uma volta. Ele parou quando segurei a folha. — Minha nossa, uma viajante. — Ele sorriu. — Quais deles, você diz? — Ele deu uma olhada no papel. — Oh, porkans são bestas perigosas que vivem nessa área.

— Entendo. E que tipo de animal são, exatamente?

— Eles têm oito pernas e seus rostos lembram os de porcos selvagens. No dialeto local, a palavra porkans significa “Porco bastardo e podre.”

— Que nome medonho!

— São criaturas medonhas — falou o homem. — Porkans têm apetites vorazes e comem praticamente qualquer coisa. Devastam fazendas e comem o pasto que é usado para a criação de gado, além de qualquer carne podre dando sopa. Até mesmo mordem os rebanhos. As presas deles tem veneno, então qualquer coisa que seja mordida é certamente um caso perdido.

— Meu deus do céu!

Entendo o motivo deles serem tratados como bestas perigosas sendo tão violentos.

— Porém, na cidade subdesenvolvida do leste, esses porkans aparentemente são comprados e vendidos por altos preços, por alguma razão… Por causa disso, comerciantes às vezes cometem o erro de trazê-los aqui, pensando que nós os compramos também. Santo Deus, quantos problemas temos que aturar por causa daquele lugar retrógrado… — O homem falava sem parar, resmungando suas reclamações.

Tendo entendido mais ou menos a situação dos porkans, perguntei: — E quanto a essas flores da lua?

Quando ouviu minha pergunta, o homem assentiu. — Ah, aquilo ali são flores da lua. — Ele apontou para o outro lado da rua.

— ……

Lá estava o comerciante que teve seu álcool confiscado mais cedo.

Enquanto exalava sua insatisfação, se inclinou em sua carroça e colocou um cilindro ardente em sua boca. — Droga… não suporto tanto estresse… céus…

Dos seus lábios saía uma pequena nuvem de fumaça branca.

O homem com quem eu estava conversando resmungou e franziu a testa enquanto cobria a própria boca com um lenço. — Inacreditável! Isso é um cigarro feito de flores da lua secas — murmurou. — É uma substância extremamente perigosa, então você deveria ter cuidado para não inalar a fumaça. Cientistas em nossa cidade descobriram os seus malefícios. Essas flores da lua são alucinógenas e tóxicas. Isso significa que são uma droga perigosa!

— Alucinógenas e tóxicas?

Mas que flor terrível.

Cobri minha própria boca. Murmurando assim como o homem, resumi: — Então basicamente, flores da lua são uma droga.

— É mais correto dizer que são algo entre uma droga e um tabaco —  disse o homem, murmurando. — Aliás, a fumaça saindo no final do cigarro é muito mais perigosa que a que é expelida pela boca dele, então você deve ter cuidado. Flores da lua são mais prejudiciais para as pessoas próximas do que para os próprios fumantes, por isso são estritamente proibidas.

Então isso quer dizer que a fumaça faz civis e espectadores terem alucinações?

Cobri minha boca ainda mais cuidadosamente.

Odeio fumaça de cigarro.

— Que homem estúpido. Se fumar flores da lua numa grande rua como essa…

O homem comigo estava prestes a dizer algo mais em desagrado, quando…

— Você, bem aí! O que você está fazendo, fumando bem no meio da rua…

Espera, você de novo?!

O soldado de mais cedo tinha voltado, com uma expressão furiosa. Parecia ainda mais irritado do que antes.

— Huh? Você tá brincando, certo? Flores da lua são proibidas?!

Aparentemente, o comerciante também não tinha realmente lido a folha que recebeu na entrada.

— Um engraçadinho, huh? Venha aqui!

O soldado tomou o cigarro de flor da lua para longe e segurou o comerciante pela nuca.

— Ei…! Espera, espera um pouco! Olha, não havia problema em fumar flores da lua na Cidade do Oriente, e são cultivadas aqui de qualquer forma, então…

— Outras cidades são outras cidades! Aqui em nossa cidade, essa é uma droga ilícita! Ora, seu…! O que mais você está escondendo? — O soldado olhou de relance para a carroça do comerciante. — Me mostre o que tem aí dentro! — Enquanto falava, entrou para verificar.

E dentro, ele achou…

— Seu canalha! Isso é um porkam, não é?! Então não satisfeito em só importar drogas ilegais, você também entrou na cidade com animais proibidos? Isso é um absurdo! Você vem comigo!

Puxando o comerciante atrás dele, o soldado desapareceu rua abaixo.

— …… — Eu silenciosamente guardei minha folha de papel enquanto observava essa sequência de eventos. — Acho que entendi. Obrigada.

Tudo se desenrolou tão de repente, mas parecia ter uma clara razão para certas coisas serem proibidas.

— Aquele homem de agora disse o mesmo, mas ouvi dizer que cultivar flores da lua é permitido na vizinha Capital do Oriente. Inacreditável… — O homem ao meu lado disse com uma careta. — Cidades subdesenvolvidas são desse jeito, então isso causa problemas. É por isso que continuam usando essa flor por diversão, sem perceber o quão perigosa ela é.

O que deu para entender foi que este lugar se chama de altamente avançado por apenas um fator, o de ter outra cidade que ficou para trás em comparação.

Depois de ter gasto algum tempo turistando, tinha chegado a hora de deixar a Capital do Ocidente.

Quando fui sair, encontrei o mesmo guarda do portão que tinha visto ao entrar.

— Oh, Madame Bruxa! O que você achou da nossa cidade?

Como ele estava passando pelos procedimentos de viagem, o guarda me examinou. — Graças a vigilante fiscalização de nossas regras, os cidadãos aqui são garantidos de uma vida pacífica e segura, então poderia ser inadequado chamar essa cidade de altamente avançada. Você não acha?

— ……

Bem, não é impossível entender esse ponto de vista, mas…

Em outras palavras, o que acaba sendo é…

— Para mim pareceu que você tampou qualquer coisa que esteja fedendo, mas…

O guarda riu das minhas palavras. — Não é maravilhoso? Isso nos poupa de cheirar algo desagradável.

 

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Depois de sair da Capital do Ocidente, eu imediatamente virei minha vassoura para o leste.

Já que todo mundo tinha sido tão insistente em comparar as duas cidades, estava curiosa, como qualquer um estaria, então queria ver o quão atrasada era a Capital do Oriente — esse lugar que as pessoas da Capital do Oeste pareciam desprezar por ser tão subdesenvolvida.

Afinal de contas, é a natureza de um viajante ser atraído ao entusiasmo e cativar-se por alguma coisa intrigante.

Apontei-me para o leste e impulsionei minha vassoura em frente. Não tinha realmente procurado a localização exata, mas depois de algumas horas, e com minha vassoura tendo voado uma distância bem longa, a silhueta de uma cidade apareceu na distância.

Ao mesmo tempo, podia ver vários campos sendo cultivados fora das muralhas. Eram campos floridos realmente bonitos. As puras brancas flores estendendo-se continuamente ao longe. O solo estava coberto de flores, que balançavam com a corrente de vento feita pela minha vassoura.

— ……

Ouso dizer que essa cidade logo a frente é a Capital do Oriente.

A leve fragrância que subia do tapete de flores brancas era um aroma tão adorável, parecia que alguém poderia se viciar nele.

Quando cheguei no portão, não vi nenhum sinal de guardas por ali. Em vez disso, havia um oficial do governo parado lá.

Suponho que os funcionários públicos conduzem os procedimentos de entrada nesse país?

Desci da minha vassoura e fiz uma reverência para o oficial.

— Bom dia. Eu sou a Bruxa Cinzenta, Elaina.

Gostaria de entrar na sua cidade, mas o que preciso fazer?

Inclinei minha cabeça interrogativamente, sinalizando minha confusão.

O oficial respondeu a minha reverência casualmente.

— Oh, obrigado por vir. Nós não fazemos nenhum tipo de inspeção de entrada aqui. Você é livre para entrar quando quiser.  — Ele disse.

Minha nossa, sem inspeção de entrada, você disse?

— Hoje em dia, fazer você parar aqui e passar por uma inspeção de entrada é algo muito defasado. Os soldados em cima dos muros observam em volta da cidade, então se você chegou tão longe, significa que não foi julgada como uma ameaça.

Enquanto falava, o oficial olhou para cima do portão. Eu podia ver um soldado acenando para nós do topo.

Entendi, entendi. Mas…

Inclinei minha cabeça novamente. — Nesse caso, o que você está fazendo?

Pareceu que esse oficial só estava cumprindo a rotina de seu trabalho defasado.

Ele me respondeu com naturalidade: — Estou esperando por um comerciante. Ele tinha combinado de entregar alguns porkans hoje, mas… aparentemente se atrasou.

Porkans.

— Se não estou enganada, essas são criaturas perigosas, certo?

Pensando bem, o comerciante que levou porkans para dentro da Capital do Ocidente foi levado embora por aquele soldado, então…

Poderia ser ele?

— Oh! — O oficial olhou para mim, com uma expressão levemente surpresa. — Senhorita Viajante, por acaso você veio da Capital do Ocidente para cá hoje?

— Esse é um bom palpite…

— Eu pergunto porque lá eles consideram porkans criaturas perigosas.

— ……?

Pelo jeito que estava falando, é óbvio que ele não considera os porkans como uma ameaça.

O que está acontecendo aqui…?

— Quero dizer, são desagradáveis, tem um temperamento violento, e possuem veneno em suas presas, mas seus fígados são bem gostosos, e são cobiçados como iguarias em nosso país. Embora os paspalhões por ali não saibam disso e decidiram exterminá-los como bestas perigosas.

— ……

Ele começou a me contar como aqui, na Capital do Oriente, se vende porkans por preços bastante altos, apesar de serem perigosos, e como essa linha de pensamento não é compreendida na Capital do Ocidente.

Entendo, então parece ter um bom motivo para valerem tanto.

— A propósito, Madame Bruxa, ainda é proibido levar flores da lua para aquela cidade? — Enquanto falava, o oficial tirou um cigarro do bolso em seu peito.

Era o mesmo item que aquele comerciante estava segurando — deviam ser flores da lua.

— Sim, bem… — Quando ele acendeu o cigarro, dei um passo para trás.

— Oh… me desculpe. Não tenho muitas chances de fumar um desses lá dentro. Proibições para fumantes estão na moda agora, então nunca consigo uma oportunidade para fumar sem estar aqui do lado de fora dos muros da cidade.

O oficial exalou uma pequena nuvem de fumaça enquanto conversava.

— ……? — Mas isso contradiz o que o comerciante tinha dito. — Pensei que as flores da lua não fossem proibidas no seu país.

— Oh, isso é o que disseram na Capital do Ocidente? — O oficial riu. — Esses cigarros cheios de flores da lua secas são um vício popular, por isso são regulamentados aqui também. Os lugares e os horários que você pode fumar são regulados, para evitar que os fumantes incomodem todo mundo. Exatamente como agora. — Ele continuou — Mas as flores da lua em si não são nocivas.

Contemplando os campos floridos atrás de mim, ele perguntou: — Você sabia? Se cuidar das flores da lua corretamente, elas podem se tornar um potente medicamento para algumas supostas doenças incuráveis. Se as secar, viram uma droga similar ao tabaco, mas se triturar elas ainda frescas, aparentemente dá para utilizá-las a fim de ajudar na recuperação de doenças que se pensava serem incuráveis até agora. Cientistas em nossa cidade fizeram algumas dessas descobertas recentemente.

— ……

Então é por isso que estão sendo cultivadas tão amplamente? E eu aqui pensando que isso não era mais que uma cidade lotada de pessoas no auge do vício em flores da lua.

— Em outras palavras, a flor da lua tem potencial ilimitado. Pode se tornar tanto um veneno quanto um remédio. E os tolos na Capital do Ocidente baniram sua importação, sem saber da verdade.

As pessoas da Capital do Ocidente não hesitaram em banir ou restringir qualquer coisa desagradável, então provavelmente ainda vai levar um tempo antes deles aprenderem que a flor da lua tem um importante uso.

Não, não só a flor da lua — o fato sobre os fígados dos porkans ser delicioso também é outra coisa. No fim de tudo, por apenas banir coisas e as ignorar, asseguraram que perderiam várias descobertas úteis.

Isso me pareceu uma realidade bem triste e lamentável.

— E você não vai contar isso às pessoas que vivem lá?

Quando perguntei, o oficial sorriu e disse: — Nós nem sonharíamos com isso. Aquilo é ali e isso é aqui, sabe.

 


 

Tradução: Sincronize

Revisão: Matface

QC: NERO_SL

 

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