Masachika chegou à escola no dia seguinte uma hora mais cedo do que costumava. Não foi por nenhum motivo especial. Ele simplesmente acordou uma hora mais cedo do que o normal. Era incomum para ele se sentir tão revigorado logo de manhã, então decidiu ir direto para a escola. Ele não queria correr o risco de voltar a dormir e não conseguir acordar a tempo para a aula.
Havia outro motivo pequeno pelo qual ele chegou cedo à escola. Ele era responsável pela limpeza da sala de aula hoje. Não apenas os alunos eram organizados nesta escola pelo número da escola, mas isso também determinava o serviço na sala de aula, que os alunos faziam em pares com o colega ao lado. Em outras palavras, Masachika estaria trabalhando com Alisa hoje.
Embora ele reconhecesse que era preguiçoso, sempre se esforçava para não incomodar ninguém (pedir para Alisa mostrar o livro didático quando esquecia o dele não contava, na opinião dele). Portanto, ele nunca faltava à escola quando era seu dia de trabalhar na sala de aula, independentemente de quão entediante fosse para ele. Normalmente, fazer apenas o mínimo do que lhe era pedido era o que fazia Masachika ser quem ele era, mas hoje era um pouco diferente.
— Hmph. Às vezes, até eu me impressiono comigo. — Masachika assentiu com evidente satisfação ao observar a sala de aula vazia do pódio do professor. As carteiras e cadeiras estavam lindamente alinhadas, com o caderno de cada aluno disposto de maneira organizada sobre a mesa após ter sido verificado pelo professor da turma. Não havia um grão de poeira de giz na lousa, e os apagadores também haviam sido perfeitamente limpos. Alisa normalmente fazia isso sozinha durante sua limpeza na sala de aula; não era um requisito. Mas como ele acordou cedo hoje, Masachika queria ver a expressão de Alisa quando dissesse: “Hein? Ah, você quer dizer as coisas que você costuma fazer? Sim, eu já terminei tudo isso.” Assim, ele voltou para o seu lugar e esperou Alisa chegar cedo como de costume. Apenas alguns minutos se passaram quando Alisa finalmente chegou. No momento em que ela abriu a porta da sala de aula e viu Masachika, seus olhos se arregalaram em descrença.
— Yo, yo, yo. Bom dia.
— …Bom dia, Kuze.
Alisa franziu a testa enquanto olhava ao redor da sala e percebia que suas tarefas habituais haviam sido completadas em sua totalidade.
— Hoje eu acordei muito cedo e tive muito tempo livre, então pensei em limpar o lugar por conta própria. — Masachika parecia convencido.
— …Você acordou cedo? Preciso sair para verificar se os porcos estão voando.
— Ah, Alya. Você sempre teve uma maneira única de se expressar.
— É melhor você não dormir durante a aula.
— …Vou ver o que consigo fazer, — foi a resposta pouco entusiasmada de Masachika.
Alisa revirou os olhos e suspirou, então disse quietamente, mas com firmeza, — …Eu cuidarei dos apagadores de lousa depois que nossas aulas da manhã terminarem.
Masachika sorriu. Estava claro que ela simplesmente não queria sentir que devia algo a ele. De forma alguma era isso que ele estava tentando fazer, mas depois de conhecê-la ao longo do último ano, ele percebeu que Alisa era uma pessoa orgulhosa, e não havia nada que ele pudesse dizer para mudar sua mente.
— Tudo certo. Obrigado, — ele respondeu.
Embora ela ainda parecesse um pouco insatisfeita, ela assentiu e se dirigiu de maneira desajeitada até sua carteira. Curioso sobre por que ela estava andando assim, Masachika a observou de cima a baixo até perceber que suas meias até o joelho estavam molhadas, mas uma olhada pela janela deixou claro que era um dia claro e ensolarado. Choveu na noite passada, mas nem uma nuvem escura estava no céu agora.
— O que aconteceu com suas meias? Pisou em uma poça ou algo assim?
— Por favor, eu não sou tão desastrada quanto você.
— Que tipo de idiota você acha que eu sou?! Acha que sou um distraído ou algo assim?!
— Eu nunca disse isso… *Aah*… De qualquer forma, um caminhão que passava jogou água em mim.
— Nossa, que droga.
— Eu suponho que seja meio minha culpa por estar andando muito perto da beira da estrada. Pelo menos tenho um par de meias extras para trocar.
Embora ela tenha falado como se não se importasse, ela se sentou em sua mesa e fez uma careta de nojo ao tirar seus sapatos. Ela então colocou o pé direito no canto da cadeira e começou rapidamente a tirar suas meias na frente de Masachika. Suas pernas radiantes, esguias e brancas como leite, envolvidas em meias brancas até o joelho, foram expostas em todo o seu esplendor bem diante de seus olhos, brilhando ao sol que entrava pela janela. Sua coxa apareceu ligeiramente debaixo da saia enquanto a meia deslizava pela perna levantada. Depois de tirar, Alisa esticou a perna molhada e nua como se estivesse se banhando em uma liberdade recém-descoberta. Masachika desviou rapidamente o olhar, sentindo como se estivesse olhando para algo que não deveria. Apesar de apenas ter assistido ela tirar as meias, ele sentiu uma estranha sensação de culpa, como se estivesse espiando ela se despir ou tomar banho. Sua beleza não era novidade para ele, ainda assim, Masachika sentiu como se tivesse acabado de lembrar exatamente quão bonita ela era. Seu coração começou a bater mais rápido.
— Ufa… — Alisa soltou um suspiro óbvio depois de tirar a outra meia e secar as pernas com uma pequena toalha que ela sempre carregava consigo, apenas por precaução caso chovesse. Quando olhou casualmente para o lado, percebeu que Masachika estava olhando desconfortavelmente para o lado, desviando o olhar. Alisa piscou surpresa — o normalmente descontraído Masachika parecia estranhamente nervoso e envergonhado… e isso a fez sorrir. Um sorriso sádico e travesso. Ela se virou rapidamente para encará-lo e estendeu a perna direita, pegando habilmente e puxando a calça dele com seu dedão do pé e indicador.
— Ei, você pode pegar algumas meias extras do meu armário para mim?
— O quê?
— Acabei tirando essas antes de pegar as reservas, então agora não posso ir buscá-las.
Ela cruzou a perna esquerda sobre a direita como se dissesse, “Eu realmente precisava explicar isso?” Masachika rapidamente olhou para longe antes que pudesse ver demais, tornando seus nervos ainda mais óbvios. O sorriso sádico de Alisa aumentou enquanto descansava o queixo na mão com o cotovelo na mesa. Vê-la sorrir com diversão com o sol da manhã atrás dela era nada menos que pitoresco. Ela era como uma princesa egoísta que se divertia assistindo seu servo realizar uma tarefa quase impossível, ou uma chefe, ou sargento cruel sendo irracional com seu subordinado.
Alya provavelmente ficaria bem bonita tanto em um vestido quanto em um uniforme militar….
Com seus pensamentos voando nessa direção, ele se levantou da cadeira e caminhou até o armário de Alisa no fundo da sala. Olhou para ela mais uma vez para se certificar de que era o dela, depois abriu a porta do armário, revelando livros didáticos e um estojo de lápis organizados de maneira impecável. No fundo, havia um guarda-chuva dobrável e algumas meias em um saco plástico transparente. Ele pegou o saco de meias, ainda com um sentimento de culpa persistente, e rapidamente voltou para o seu lugar.
— Aqui.
Ele empurrou as meias na direção de Alisa, lançando um olhar de canto de olho para ela.
— Bom. Agora me ajude a colocá-las, — ela exigiu, soltando uma bomba verbal enquanto se apoiava casualmente contra a janela.
— O quê?! — gritou Masachika, mas quando virou para encará-la, ela já havia levantado a perna direita no ar para ele. Ela estava inclinando a cabeça com um ar de superioridade. Talvez porque fossem os únicos na sala, ela não escondia seu divertimento.
— O que há de errado com você hoje?
— O quê? Eu? O que há de errado com você?
— Estou recompensando você por pegar minhas meias.
— Me recompensando? Uh… Talvez algumas pessoas gostem disso, mas…
— Oh? Então você não quer?
Alisa pareceu surpresa enquanto cruzava os braços e recruzava as pernas.
— Não, eu quero! — gritou Masachika, virando rapidamente a cabeça ao mesmo tempo, para desviar o olhar.
Ele estava planejando seguir isso dizendo: “Você se divertiu, então poderia parar de mexer comigo já?!” No entanto, antes que pudesse dizer mais uma palavra, ouviu Alisa sussurrar em russo:
Quero que você coloque.
— я хочу, чтобы ты положил.
Quando olhou para o lado, seu sorriso travesso não estava em lugar nenhum. Ela estava brincando com o cabelo enquanto desviava o olhar, com um leve rubor nas bochechas. A visão sozinha fez com que a mente de Masachika mergulhasse diretamente na imaginação mais ousada.
O que eram esses sussurros envergonhados em russo que Alisa sempre dizia? Masachika vinha ponderando essa pergunta até finalmente chegar a esta conclusão: Alya era uma exibicionista mental. Alisa era uma perfeccionista dedicada. Essa era a versão ideal dela mesma, então ela sempre era sua crítica mais severa e trabalhava incansavelmente. No entanto, quanto mais as pessoas reprimem seus desejos, mais estresse acumulado elas têm que liberar — pelo menos, foi o que Masachika ouviu em algum lugar. Portanto, ele acreditava que seus sussurros tímidos em russo estavam relacionados a isso de alguma forma. Em outras palavras, ela sussurraria algo constrangedor na frente dos outros e aproveitaria a emoção de ser pega, assim como os exibicionistas quando saem em público sem usar roupa íntima. Ou seja, o que Masachika estava tentando dizer era…
Está tudo bem, já que é consensual!
Se sua suposição estivesse correta, isso significaria que Alisa era alguém que gostava da emoção de se expor. Em outras palavras, ela estava feliz, e Masachika estava feliz! Era uma relação ganha-ganha!
… Era fácil imaginar o que as pessoas poderiam dizer se ouvissem sua conclusão:
Que tipo de raciocínio é esse?
O que é um exibicionista mental?
Tenho certeza de que muitos pervertidos acreditavam que o que estavam fazendo era consensual.
Seja como for, infelizmente, não havia leitores de mentes que pudessem dar algum juízo a ele. Masachika ainda estava hesitante, porém. Mesmo que tivesse o consentimento dela, era em russo. Ele queria obter o consentimento dela em japonês primeiro.
— O que foi isso? — ele perguntou, encarando Alisa com a mente completamente poluída. Ela sorriu provocadoramente e tentou desviar o assunto exatamente como ele esperava.
— Chamei você de covarde.
Masachika estava esperando que ela dissesse isso. Ele deixou a mandíbula cair enquanto levantava mentalmente os braços no ar como se tivesse vencido uma luta de boxe. Alisa então riu com desprezo e cruzou as pernas novamente.
— De qualquer forma, tudo bem. Eu posso colocar as meias sozinha…
— Isso não será necessário.
— Hã?
Ele prontamente se ajoelhou antes que ela pudesse pegar as meias de suas mãos. Ela piscou confusa por um momento, mas assim que Masachika colocou as mãos em sua perna direita, seus olhos tremeram de surpresa.
— Eep?!
Alisa gritou devido às desconfortáveis cócegas ao sentir alguém passando os dedos pelo pé dela, do calcanhar até o tornozelo. Confusa, ela ergueu a perna no ar e segurou a saia para baixo.
— Ei, fica parada.
— C-Com licença?! …Ei?!
Alisa deu um tapa com a mão esquerda sobre a boca para evitar que soltasse um gritinho, enquanto continuava a puxar a saia para baixo com a mão direita. Masachika a olhou como se estivesse cansado, mas seus lábios se curvavam em um sorriso debochado.
— Qual é o seu problema? Pensei que você queria que te ajudasse a colocar elas?
— Eu sei… o que disse… mas…!
— Não podia deixar você me chamar de covarde assim e sair impune. Meu orgulho não permitiria.
— Espere…! Ainda preciso de tempo para me preparar mentalmente…!
Masachika não deu ouvidos aos protestos dela enquanto beliscava os lados da meia com os polegares e a puxava lentamente pela perna. Um arrepio percorreu sua espinha quando a meia subiu.
*Ahn…*
Quando os polegares de Masachika roçaram sua coxa através do tecido fino…
— O que você pensa que está fazendo?!
— Bfff?!
Alisa de repente chutou o pé para cima, acertando Masachika em cheio no queixo e enviando sua retaguarda direto para o chão. A parte de trás da cabeça dele bateu contra a própria cadeira.
— …!
— Ah! D-Desculpe. Você está bem? — perguntou Alisa, claramente preocupada. Ela até esqueceu sua vergonha e irritação quando viu Masachika enrolado no chão, segurando a cabeça com agonia. Ele estendeu a mão direita tremendo e começou a traçar seu dedo indicador pelo chão como se estivesse escrevendo uma última mensagem em seu próprio sangue antes de sua morte inevitável. No entanto, não havia sangue em seu dedo, então ele estava apenas traçando com o dedo, e ainda assim Alisa conseguia entender claramente o que ele estava tentando escrever. Era uma palavra simples de quatro letras: rosa.
— …?!
Ela segurou instantaneamente sua saia enquanto corava de raiva e constrangimento.
— Ngh…! Tsk…!
Ela parecia estar tendo dificuldade em ficar brava com alguém que se contorcia de dor no chão. Grunhindo ininteligivelmente, ela pegou a outra meia da mesa de Masachika e a colocou rapidamente em seu pé esquerdo.
Não posso acreditar em você! Idiota! Vai se ferrar!
— Я не могу тебе поверить! Идиот! Оно сломается!
Alisa gritou infantilmente em russo depois de enfiar os pés nos sapatos da escola, apesar de Masachika estar quase morrendo no chão. No momento em que Alisa estava saindo apressada da sala, duas colegas entraram e se afastaram apressadamente do caminho de Alisa, com os olhos arregalados diante da visão incomum.
— Hein? O que foi isso? A princesa Alya estava gritando.
— Aquilo foi russo, certo? O que está acontecendo? A princesa ficou louca?
Elas a observaram sair apressada de boca aberta antes de se virarem e notarem Masachika esfregando a parte de trás da cabeça.
— Bom dia, Kuze… O que aconteceu?
—Bom dia… Não aconteceu nada.
— Ei, Kuze… O que aconteceu com sua cabeça?
— Ah, é… Eu só tenho uma espinha que está me incomodando.
— Ah, entendi…
Elas o encararam com suspeita enquanto se sentavam em suas mesas, mas Masachika fingiu não perceber e pegou o smartphone para enviar uma mensagem para sua irmã.
— Querida irmã, estou em apuros.
Ela devia estar no carro a caminho da escola, já que a mensagem foi imediatamente marcada como lida, e ela rapidamente enviou uma resposta.
— O que foi, meu querido irmão?
— Não surta, mas…
— Glup
A próxima mensagem que ele recebeu foi um adesivo de um personagem de anime tremendo de medo, o que só aumentou a pressão. A expressão de Masachika se contorceu de arrependimento extremo enquanto digitava sua resposta.
— Eu… talvez tenha um fetiche por pés.
— Como assim?! Pensei que você fosse um cara de peitos!
— Era, droga! Eu não fazia ideia de que curtia pés!
— Hmph… Já estava na hora de você reconhecer como pernas são incríveis…
— É, verdade…
— Pernas são muito subestimadas. Coxas grossas salvam vidas, mas pernas musculosas de antílope também são irresistíveis.
— Você é realmente sábia, minha querida irmã.
— A propósito, meu querido irmão…
— Sim?
— Você realmente me mandou uma mensagem só para me contar sobre o seu novo fetiche nojento? Que merda!
— Desculpa.
O rosto de Masachika caiu. Parecia que sua irmã tinha acabado de despejar um balde de água fria nele. Ele guardou o smartphone e baixou a cabeça na mesa.
— O que eu vou fazer agora?
Até Masachika percebeu que tinha ido longe demais. Ele pensou que deveria provavelmente pedir desculpas, mas sabia o quanto Alisa era orgulhosa; um pedido de desculpas precipitado só pioraria as coisas.
— Ah. Acho que vou pensar no que fazer quando ela voltar.
Afinal, Alisa não era uma criança, então ele imaginou que ela voltaria ao normal depois de esfriar um pouco.
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Só que não foi o que aconteceu.
— De qualquer forma, isso é tudo para a chamada hoje. Ah, não se levantem e façam reverência. Eu tenho que ir, — murmurou apressadamente o professor responsável antes de sair prontamente da sala.
A chamada da manhã terminou surpreendentemente cedo hoje. Ainda havia cinco minutos até a primeira aula. Mesmo assim, os alunos do primeiro ano da Classe B não se levantaram de suas cadeiras enquanto começaram a sussurrar algo uns para os outros. Havia apenas uma razão para a saída antecipada do professor de sala e a energia pesada que preenchia a sala. Era porque a Princesa Alya não estava usando sua expressão habitual vazia, mas estava descansando o queixo na mão com o cotovelo na mesa. Ela estava claramente de mau-humor.
— Ei… O que está acontecendo com ela?
— Ouvi dizer que algo aconteceu entre ela e o Kuze, mas é só isso que sei.
— Faz sentido. Ele é a única razão pela qual ela estaria de mau humor. Mas o que exatamente ele fez?
— Ouvi a Princesa Alya gritando mais cedo.
— Sério? Sobre o que ela estava gritando?
— Não faço ideia. Era tudo em russo.
Enquanto especulações de todos os tipos se espalhavam como fogo, Takeshi discretamente levantou-se de sua cadeira, abaixou-se e fez seu caminho até o lado de Masachika.
— Psst. E-Ei.
— O que você quer? — Masachika sussurrou de volta para não chamar a atenção.
— Dúvidas. Você realmente irritou a Alya? E ela realmente te deu um enzuigiri?
— Que diabos?!
Alisa instantaneamente lançou-lhe um olhar penetrante, e ele recuou. Um enzuigiri era um ataque em que se dava um chute na parte de trás da cabeça do oponente. Nem mesmo as crianças mais rebeldes tentariam imitar esse movimento de luta livre.
— Alya nunca faria algo tão perigoso.
— S-Sim, eu imaginei.
— Tudo o que ela fez foi dar um chute mortal no meu queixo.
— Isso ainda é bem perturbador, cara.
Takeshi riu amargamente, pensando que era uma piada.
Está mais próximo da verdade do que você percebe, Masachika pensou com um sorriso ambíguo.
— E então? O que aconteceu com a Princesa Alya que a deixou tão chateada?
— Uh…
—Vamos lá, eu sei que você fez alguma coisa. Confesse.
— Bem… eu acho que você poderia dizer que foi minha culpa?
Honestamente, foi culpa dele. Ele fez algo que não deveria. Mas se admitisse que tocou nos pés dela e acabou vendo sua calcinha, seria imediatamente colocado em julgamento escolar, onde votariam unanimemente por sua execução. Portanto, Masachika evitou habilmente as perguntas de Takeshi enquanto quebrava a cabeça pensando em como consertar as coisas com Alisa.
— Uh… Alya?
Ele decidiu começar pedindo desculpas. Masachika virou-se para sua vizinha, Alisa, que estava apoiando o queixo na mão e olhando pela janela. Ela virou apenas os olhos na direção dele enquanto respondia com firmeza:
— O que você quer, Kuze?
Seu pervertido com fetiche por pés.
“Ты извращенец с фут-фетишем”
Havia muitas coisas que ele gostaria de dizer sobre esse novo título russo que lhe fora atribuído, mas não podia dizer nada, já que ainda estava fingindo que não entendia o idioma. Por outro lado, talvez fosse melhor não dizer a ela que isso não era possível porque ele era um “amante de seios.” O valor de mercado que Alisa tinha nele despencaria, e todas as meninas da classe se apressariam para se desfazer de suas ações de Masachika também.
Mas quanto mais eu penso nisso, mais sinto que não fiz nada de errado.
O comportamento frio de Alisa em relação a Masachika lentamente o levou a pensar dessa maneira. Foi a própria Alisa quem o ordenou a tocar em seus pés, e foi Alisa quem ficou constrangida e o chutou. Ela mostrar as suas roupas íntimas estava além do controle dele, e embora ele provavelmente não devesse ter dito a cor delas, como se fossem suas últimas palavras, ele estava apenas tentando mostrar que não estava irritado por ela recorrer à violência. Portanto, Masachika ficou um pouco infeliz por acabar parecendo o vilão. Seja como for, ele compreendeu que os homens geralmente estão em uma posição vulnerável em situações como essa, então decidiu se desculpar e manter os outros pensamentos para si mesmo.
— Eu… eu sinto muito… pelo que aconteceu e tudo mais.
— Hmm? Não precisa. Também tenho parte da culpa. Além disso, eu não estou mais brava mesmo.
Então, por que você está de mau-humor? Masachika se perguntou, perfeitamente em sintonia com seus colegas de classe, que pensavam coletivamente: “Sim, isso é uma grande mentira.” Na verdade, não era uma mentira. Alisa realmente não estava mais com raiva. O que ela sentia agora era o constrangimento de ter sua perna tocada e suas roupas íntimas expostas. Além disso, ela estava envergonhada consigo mesma por tê-lo pedido ajuda para colocar meias, mesmo que a reação dele tenha sido impagável. Havia muitas outras coisas pequenas pelas quais ela estava se sentindo envergonhada, como gritar como uma criança, por exemplo. Ela só queria se enfiar debaixo de uma pedra, construir um pequeno quarto à prova de som e gritar. Ela estava apenas colocando uma fachada para parecer que estava de mau-humor para que seus verdadeiros sentimentos não escapassem de seu coração. Infelizmente, Masachika era inexperiente demais para entender a natureza complexa de uma jovem como ela e estava completamente perdido. O sino tocou eventualmente, e o professor da primeira aula entrou na sala.
— Tudo bem, pessoal. Vamos começar essa aula. Vamos ver quem está de plantão hoje… Ah, Kuj—… Kuze. Vá em frente. Comece para nós.
Depois de verificar o nome no quadro-negro, o professor de matemática deu uma olhada em Alisa e apontou imediatamente para Masachika, sem perder o ritmo.
Eu sei exatamente como ele se sente.
Cada aluno na classe, exceto um, compartilhava o sentimento.
— …Todos, de pé. Reverenciem. Bom dia.
— Bom dia.
Naturalmente, a atmosfera tensa na sala de aula continuou após a saudação matinal constrangedora. Como esperado, o sono chegou para Masachika, já que ele havia acordado extra cedo naquele dia, mas nem mesmo ele era corajoso o suficiente para cochilar em um ambiente como esse. Ainda assim, isso não significava que ele seria capaz de prestar atenção na aula, então passou todo o tempo pensando em uma maneira de melhorar o humor da princesa.
— Tudo bem, então. Gostaria de encerrar a aula se não houver perguntas… Kuze, conclua as coisas.
— Todos, de pé. Reverenciem. Muito obrigado.
— Muito obrigado.
O professor de matemática saiu da sala sem olhar para Alisa nem uma vez. Masachika saiu da sala logo em seguida e foi direto para a máquina de venda próxima à saída de emergência.
Depois de obter o que precisava, ele voltou apressado para a sala de aula e apresentou reverentemente a Alisa.
— Princesa, por favor, aceite esta oferta como compensação pelo que aconteceu mais cedo hoje.
Em suas mãos, ele segurava uma lata de sopa doce de feijão vermelho com mochi… que havia sido a número um no ranking de bebidas que ninguém pedia nos últimos catorze anos na Academia Seiren. Era basicamente uma pasta líquida de feijão extremamente doce que sempre deixava você ridiculamente com sede.
Sopa de feijão vermelho?!
Todos na sala de aula olharam para Masachika como se tivesse completamente perdido a cabeça e estivesse tentando começar uma briga com a princesa, mas ele sabia… ela bebia essa forma bizarra de diabete líquida de vez em quando.
— …Eu não disse que não estava com raiva?
— Heh. Eu sei. Estou simplesmente pedindo desculpas com respeito.
— …Tudo bem. Eu aceito.
— É uma honra.
Depois de entregar a lata, ela puxou o lacre e tomou tudo de uma vez. Todos na sala de aula tremeram.
— Obrigada.
— Ah, permita-me jogar fora essa lata para você.
— Eu posso jogar fora meu próprio lixo.
— Não posso deixar que se incomode com uma tarefa dessas, minha princesa.
— Você pode parar de falar assim?
— Tá bom.
O tom dela ainda era áspero, mas Masachika pôde perceber que ela estava um pouco mais de bom humor, então voltou para o seu lugar sentindo apenas alívio… quando teve uma realização repentina.
Ah, droga… Não tenho meu livro didático para a próxima aula.
Normalmente, ele recorreria a Alisa em um momento como esse, mas pedir para ela compartilhar seu livro poderia muito bem deixá-la de mau-humor novamente. E se isso acontecesse, não seria capaz de lidar com os olhares desaprovadores de seus colegas de classe.
Ótimo…
Masachika estava revirando sua mesa e mochila quando Alisa lançou a ele um olhar desconfiado. Ele imediatamente desviou o olhar para evitar o dela e perguntou para a garota sentada do outro lado dele:
— Desculpe, mas você acha que posso dar uma olhada no seu livro com você?
— Hein? Ah… Claro.
Ela deve ter entendido a situação, porque sorriu e assentiu docemente para ele. Masachika então aproximou sua mesa da dela enquanto agradecia antes de soltar um suspiro profundo de alívio.
Traidor maldito.
— Мошенник.
O ar ficou de repente mais frio com o som desse sussurro russo.
O que eu deveria ter feito…?
Mas suas lamentações foram em vão; a sala de aula permaneceu tensa pelo resto do dia.
Tradução: MahouScan
Revisão: MahouScan
QC: Matface
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