Rua Negra 1.
Schmidt, Simones e Charles estavam sentados de frente para Kieran, Elli, Raul e Cidney.
Todos focavam na expressão calma de Kieran. A atmosfera estava pesada.
Schmidt não conseguiu mais ficar em silêncio.
— Não percebeu o perigo atrás de você, 2567? Ou tem algum plano secreto para lidar com isso? O forasteiro já foi. Pode nos contar agora? — Schmidt disse, ao lançar perguntas sem parar.
— Sim, eu notei, mas não tenho planos.
Kieran não discordou do uso da palavra “forasteiro”. Comparado a todos os presentes, Rosland na verdade não era nada mais que isso.
— O que quer dizer com “não tenho planos”? — Schmidt perguntou em confusão.
— Você recusaria um convite desses, Simones? — Kieran perguntou ao homem sem responder.
— É claro que não! Eu posso não ser de muito uso aqui, mas não sou um covarde! Além disso, se eu não ir, vou envergonhar nossas tradições! — Simones disse em um tom afirmativo.
— Oh meu deus! Simones, por favor me fala que você está zoando! Como isso é uma tradição? É apenas teimosia! Uma teimosia que vai levar à morte! — Schmidt disse alto, ao cobrir sua própria testa.
— Esta é a última tradição remanescente da Costa Oeste. De que não devemos temer os convites da Costa Leste, independentemente se é seguro ou não. É a única tradição que sobrou na Costa Oeste desde que Rei tornou-se a Deusa da Terra… — Simones enfatizou em um tom calmo.
Ninguém ficou surpreso com essas palavras. Mesmo Charles concordava com um sorriso. Kieran não era exceção.
Inicialmente, ele não estava familiarizado com a tradição, mas ao Simones ver o convite, sua expressão séria o fez entender.
Até onde ele sabia, os Pastores da Morte nunca faziam alguma coisa sem motivo, as palavras de Simones confirmaram essa teoria.
— Caralho! — Schmidt xingou, puto, enquanto esfregava as têmporas com uma careta. Ele sabia que Simones não mudaria de ideia, ao considerar o quão calmo ele parecia estar. Todos tinham a mesma opinião sobre o criador de poções, Schmidt parou de gastar sua energia para tentar persuadi-lo.
O olhar de águia de Kieran era um sinal de sua desconfiança com o convite. Apesar dele tentar esconder, Schmidt podia perceber.
— O que devemos fazer então?
Eles não podiam negar o convite, independente das circunstâncias, então tudo que podiam fazer era se preparar para o pior. Schmidt não iria recuar. Ele tinha aceito, mas mesmo se não tivesse, seu temperamento teria feito com que ele fosse com todos.
— Descansem um pouco, se preparem e vamos aguardar primeiro de dezembro.
— Eu espero conseguir alguma comida boa! Tenho comido fast food e comida enlatada por quase duas semanas! Não odeio o gosto delas, mas se pudesse comer outra coisa, ficaria agradecido! — Kieran disse antes de se levantar e ir para a cozinha.
O Elli seguiu-o depois de um momento.
— Esses jovens dos dias de hoje! — Simones e Charles exclamaram juntos.
Raul e Cidney trocaram um olhar e sorriram, que sugeria que eles concordavam.
Schmidt era o único que sobrou ali, sem expressão.
— Nós estamos discutindo vida e morte aqui! Como esses caras conseguem agir desse jeito? — O Oficial Chefe protestou em voz alta.
Alguns dias passaram, mas nada mudou.
Kieran, Elli, Simones, Charles, Raul, e Cidney não estavam ansiosos. Todos continuaram como de costume.
Schmidt, por outro lado, ficava mais ansioso a cada dia. No final, Simones não conseguiu mais aguentar e o botou para fora de casa.
— Supostamente, não era para você procurar pelo negociante do mercado negro? Agora é a hora!
As palavras de Simones soaram nos ouvidos de Schmidt, ao ficar do lado de fora da porta
Balançou a cabeça, e zombou de si mesmo com um sorriso. — Beleza, beleza! Eu falhei como um místico de qualquer forma! — Ele murmurou, ao deixar a casa insatisfeito. Ele podia dizer que todos pareciam confiar em algo, e foi por isso que eles permaneceram calmos. Quanto mais se comportavam assim, mais ansioso ficava.
Ele não tinha nenhuma carta na manga mais.
— Que merda! Eu realmente preciso pedir um lançador de foguetes àquele bastardo? Mesmo se eu tivesse um, não melhoraria minhas chances contra esses monstros!
Schmidt foi para o mercado negro com isso em mente.
Estava perdendo sua confiança, até que de repente viu uma figura aparecer em sua frente.
— Quem está aí? — Schmidt perguntou de forma vigilante, sua mão continha sua arma.
— Não vou te ferir, sou apenas um mensageiro. Por favor me esqueça… Eu sou incapaz de entregar esta mensagem diretamente ao Pássaro da Morte. É muito perigoso para mim ficar aqui.
A figura balançou sua mão e um envelope branco voou para o bolso do casaco de Schmidt.
Antes que Schmidt pudesse expressar sua surpresa, a figura já tinha desaparecido.
— Uma carta para 2567?
Schmidt tirou o envelope branco. Ele não fazia ideia do que a figura queria, mas ele sabia que precisava entregar aquela carta ao Kieran.
Contudo, depois de dar alguns passos, ele parou novamente. A pessoa que apareceu em sua frente dessa vez fez o queixo de Schmidt cair.
— Quanto tempo, Schmidt! — Ele o comprimentou.
…
Os dias voaram como um pássaro, talvez, como uma andorinha africana.
Uma nevasca pesada surpreendeu a todos no dia 1º de dezembro.
A neve continuava a cair desde o amanhecer até o anoitecer, sem a presença da luz do sol.
As nuvens cinzas eram densas e a atmosfera estava fria. Enquanto a escuridão cobria os céus, a natureza fazia todos segurarem a respiração.
A neve acumulada no chão era um obstáculo para um punhado de pedestres nas ruas.
Às 6 horas da tarde, as ruas estavam quase desertas.
Um número pequeno de pessoas ficou, mas eles estavam todos com pressa. Nenhum deles tinha a intenção de permanecer naquele frio impiedoso da rua nevada.
Repentinamente, um sino tocou na rua.
O toque agradável chamou a atenção de todos. Os pedestres assistiram em choque, conforme duas carroças de quatro rodas puxadas por quatro cavalos cada, avançavam pelas ruas cinzas.
Mesmo a neve profunda das ruas não os conseguiam parar.
A velocidade e constância impressionaram os pedestres, que admiravam o controle habilidoso das carroças. Aqueles com os olhos mais afiados podiam dizer que aqueles não eram cavalos ou carroças comuns.
Eles não conseguiam dizer qual era a diferença, mas sabiam que tinha alguma.
Os vagões andavam sob os olhares dos pedestres, desaparecendo no final da rua. Iam em direção à Rua Negra 1.
Os dois vagões estacionaram suas carroças em frente da casa.
Então eles pularam, tocaram a campainha e permaneceram de lado com as cabeças curvadas.
Depois de dois minutos, a grande porta da casa abriu.
Tradução: Kuro
Revisão: Dilsinxyz
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