A Prisão Infernal

A Prisão Infernal – Cap. 222 – Verdadeiro ou Falso (Parte 1)

 

A guerra entre Morko e Titã estava chegando ao fim. Assim como os historiadores escreveriam anos depois, os invasores acabaram sendo expulsos de sua terra natal. Era o que todos esperavam, pelo menos todos em Grão-Ducado Morko.

Todos os soldados de Morko estavam transbordando de alegria por terem ganhado outra guerra. Seus sorrisos eram tão brilhantes quanto o sol da manhã.

Os soldados não se importavam com quanto Titã precisaria pagar em compensação, ou se receberiam bônus de guerra. Tudo o que sabiam naquele momento era que eles poderiam ir para casa. Eles haviam resolvido tudo o que importava.

As torres dos dois lados do Vale Crepuscular foram reconstruídas e fortalecidas ainda mais. O muro no final do vale, que bloqueava a entrada de Titã, também estava sendo reconstruído.

Como sua maior defesa contra Titã, o Muro Crepuscular forneceu uma ajuda substancial na defesa de seus inimigos. Até os fazendeiros do Grão-Ducado Morko sabiam disso, quanto mais os soldados.

O Muro Crepuscular diminuiu as baixas de Morko em pelo menos 30%. Portanto, todo soldado que estava ajudando a reconstruir o muro estava fazendo isso com uma seriedade excepcional. Era uma questão de vida e morte, afinal de contas.

Kieran, que estava escondido em uma caverna no lado esquerdo do vale, não podia ver seus esforços, mas desde que chegou ao Vale Crepuscular dois dias antes, as coisas que viu e ouviu foram suficientes para ele fazer suposições consideráveis.

Ele não estava interessado na reconstrução. Toda sua atenção estava concentrada em Ferlin e Mordred.

— Outra gloriosa vitória! Vossa Majestade é sempre vitorioso! — Ferlin disse em voz alta, de pé sobre uma pedra gigante.

Ele já havia tirado o capuz e a máscara, revelando um rosto comprido e magro. Seu cabelo e barba eram quase completamente brancos.

— Ser capaz de entoar louvores e recitar minhas virtudes é também uma das coisas que um cão precisa aprender, hein? — Mordred disse cheio de zombaria. Suas mãos e pernas estavam amarradas e ele estava pendurado em uma árvore.

— Aceitarei isso de bom grado como um elogio. — Ferlin fez uma reverência com um sorriso, como se aceitasse seu comentário de todo o coração.

Mordred soltou uma risada fria antes de ficar em silêncio.

Kieran testemunhou cenas como essa inúmeras vezes durante os últimos dois dias. A cada vez, sentia medo da capacidade de Ferlin de controlar suas emoções. Era como se ele não pudesse ficar com raiva.

Por mais duros ou desmoralizados que fossem os comentários de Mordred, ou quão feias as palavras ele usasse, Ferlin considerava tudo como um elogio.

Kieran inconscientemente ampliou a distância entre eles depois de testemunhar aquela cena. Uma pessoa que era capaz de controlar suas emoções tão bem tinha que ser muito sensível.

Kieran não queria se expor e estragar tudo depois de seguir Ferlin usando sua [Furtividade] por tanto tempo.

Ele também estava perto de completar sua Missão Principal, fosse para deixar o Grão-Ducado Morko no norte do modo convencional, ou matar todos os reforços de maneiras alternativas.

Tudo estava chegando ao fim, então Kieran tinha que ser mais cuidadoso do que o habitual.

Uma série de galopes de cavalos pôde ser ouvida, seguida por uma equipe de cavaleiros que apareceram abaixo de sua caverna.

Kieran olhou para eles de soslaio.

O líder do grupo era um homem de meia-idade com costeletas brancas. Ele também tinha rugas em volta da boca e dos olhos. Suas costas estavam retas, e ele desceu do cavalo com movimentos precisos que não correspondiam a um homem de sua idade. A cada passo que dava, suas grevas de ferro produziam um ruído que fazia seus passos parecerem firmes e poderosos.

— Vossa Majestade! — Ferlin pulou da rocha e se curvou em saudação.

— Muito bem, Senhor Ferlin! Suas ações serão lembradas. Quero falar com Mor sozinho agora. — Grão-Duque Morko disse.

— Como quiser.

Ferlin recuou para um ponto dentro da caverna, levando os outros cavaleiros com ele.

Quando todos saíram, o Grão-Duque olhou para Mordred.

Mordred se afastou do olhar do pai.

— Estou muito desapontado com você! — Grão-Duque disse devagar, falando diretamente para Mordred.

Assim que as palavras se desvaneceram, Grão-Duque tirou o chicote de cavalo.

O chicote bateu com força no peito de Mordred. Sua pele se abriu instantaneamente, a carne de seu corpo já ferido se partiu. O chicote estava manchado com o sangue de Mordred. Estava pingando no chão, colorindo lentamente com gotas vermelhas. Entretanto, isto foi apenas o começo.

— Você sabe por que estou tão desapontado? — A voz do Grão-Duque parecia enfurecida, mas ele não tinha intenção de encobrir.

O chicote de cavalo continuava a chicotear o rosto e o corpo de Mordred.

Mordred cerrou os dentes com força, permanecendo em silêncio durante o chicoteamento, tomando-o como um homem de verdade. Ele nem sequer sussurrou de dor.

A chicotada continuou por pelo menos 10 minutos. Grão-Duque só parou quando o chicote se partiu ao meio.

Mordred, que já sofria de ferimentos graves, estava à beira da morte depois das chicotadas impiedosas.

Grão-Duque sacou a espada e apontou para o filho moribundo.

Quando a lâmina e a bainha colidiram, o barulho fez Mordred levantar a cabeça, usando toda a força restante. Ele viu o Grão-Duque parecendo sombrio e notou a espada em sua mão.

Mordred de repente sorriu amplamente.

Ele estava pronto para a morte.

Desde que decidira levar adiante seu plano, já sabia o que aconteceria. Mesmo que ele estivesse com medo, algumas coisas eram inevitáveis.

— Mate-me! — Ele murmurou, usando toda a respiração que poderia reunir.

Assim que as palavras escaparam da boca de Mordred, um golpe de espada foi desferido com força.

De repente, brilhou com um brilho frio.

Mordred fechou os olhos com força.

A dor antecipada ou liberdade esperada não ocorreram.

As mãos e as pernas de Mordred foram libertadas e ele caiu direto da árvore em braços fortes.

Mordred abriu os olhos e viu que estava nos braços do Grão-Duque, afastando-se da árvore.

Ele franziu a testa e olhou para o Grão-Duque com uma expressão perplexa. Kieran, que estava assistindo tudo, fez o mesmo.

Quando Grão-Duque baixou a espada, Kieran pensara que Mordred fora embora para sempre. Ele seria morto por seu próprio pai, que estava enfurecido por suas ações.

No entanto, Grão-Duque havia libertado Mordred de suas amarras.

— O que está acontecendo? — Kieran perguntou a si mesmo enquanto franzia a testa.

Uma súbita respiração apressada foi ouvida do nada, atraindo toda a sua atenção.

Alguém estava lá.

O coração de Kieran acelerou.

Antes que ele pudesse se mover, uma silhueta negra apareceu diante do Grão-Duque e uma lâmina brilhante foi revelada e apontou para sua garganta com um brilho.

Antes que a lâmina pudesse mergulhar na garganta do Grão-Duque, uma névoa escura apareceu no meio, impedindo a estocada letal.

Dentro do tempo de uma respiração, a névoa escura engoliu a lâmina.

Ferlin emergiu da névoa escura, com um ferrão longo e espinhoso na mão, ocultando uma espada mais larga por baixo.

Ferlin olhou para a pessoa diante dele com um sorriso frio.

— Como ousa levantar sua espada contra Sua Majestade diante de mim, Stagner? Eu deveria te cortar em pedaços!

A névoa escura ao redor de Ferlin produzia ainda mais energia escura, um fluxo infinito de intenção assassina aparecendo. Stagner deu um passo à frente de Ferlin, ignorando a aura que ameaçava a vida.

Ele olhou através de Ferlin, diretamente para o Grão-Duque.

— Liberte Mor! — Ele gritou.

Grão-Duque bateu de leve no ombro de Ferlin depois de ouvir o grito enfurecido e de ver a expressão distorcida de Stagner.

— Vossa Majestade? — Ferlin olhou para o Grão-Duque com uma expressão intrigada.

— Deixe comigo. — Grão-Duque disse.

— Sim, Vossa Majestade! — Ferlin assentiu, rapidamente retraindo um pouco a névoa escura e afastando-se. Sua espada espinhosa ainda estava apontada para Stagner.

Ele precisava ter certeza de que poderia proteger o Grão-Duque a qualquer momento se Stagner fizesse algum movimento.

Com Ferlin fora da equação, Grão-Duque e Stagner se entreolharam.

Grão-Duque estava excepcionalmente calmo, enquanto Stagner parecia furioso.

— Você acha que Mor é seu filho? — Grão-Duque disse depois de uma breve pausa.

— Claro! Claro que ele é meu filho! Devolva-o para mim! — Stagner gritou novamente.

Os olhos de Kieran se arregalaram com a verdade.

Mordred é filho de Stagner? Não é de admirar que eles tivessem uma relação tão próxima!

Algumas de suas perguntas não respondidas foram esclarecidas após essa revelação. Kieran pensou que tinha entendido tudo, mas ele ficou perplexo novamente quando ouviu suas próximas palavras.

— Stagner… Ou eu deveria te chamar de Leor? Por favor, espere um momento.

Grão-Duque soltou Mordred com muito cuidado. Depois tirou o anel do polegar esquerdo e colocou-o no polegar de Mordred.

— Isso simboliza a autoridade e o poder do Grão-Duque. — Grão-Duque disse devagar, apontando para o anel enquanto olhava para o filho mais velho.

— Você sabe por que eu estou desapontado, Mor? É porque você não confia em mim. Eu posso não ser um bom pai, mas nunca confundiria minha própria carne e sangue! Desde a primeira vez que vi você, eu sabia que você era filho de Kylie e eu…

— Pare com isso! — O barulho repentino de Stagner o interrompeu.

— Tudo o que você disse é mentira! Eu sou o verdadeiro pai de Mor! Kylie é minha esposa, não sua!

Stagner correu em direção ao Grão-Duque como uma fera furiosa.

A empunhadura de duas mãos de sua espada produziu um forte vento, aparentemente pronto para destruir seu oponente.

Ferlin entrou em cena, bloqueando o ataque.

Enquanto isso, do lado de fora da caverna, uma série de gritos de guerra foi ouvida.Uma bandeira verde com uma cauda de víbora estava soprando no ar.

Era a bandeira nacional de Titã!

 


 

Tradução: Erudhir & JZanin

Revisão: Marina

 

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