A Prisão Infernal – Cap. 210 – Barricada

 

Eles sentiram dezenas de olhares mortais em seus pescoços. O sentimento fez Kieran cerrar os olhos.

Vendo as tropas de defesa à frente correndo em direção a eles, ele pressionou sua sela com a mão direita e levantou-se. Então se jogou na direção da multidão e desferiu dois chutes. Depois de um chute meia lua e uma série de sons pesados, pelo menos algumas tropas defensoras caíram para trás, arrastando o resto com eles como pinos de boliche.

Dentro de uma respiração, um caminho abriu-se diante do trio.

— Vamos lá.

Sem-lei, que estava passando por Kieran, estendeu a mão para agarrar a mão direita dele. Kieran deu um giro no ar e aterrissou na sela novamente em segurança.

Sem-lei fez os cavalos correrem com um grande grito e os cavalos correram ainda mais rápido.

— Flechas. Atirar! — As tropas defensoras atraídas pela pequena comoção gritaram alto aos arqueiros.

Flechas caíam como chuva forte.

Sem-lei não tinha a menor intenção de diminuir a velocidade. Ele empunhou a longa espada em sua mão, bloqueando as flechas o máximo que podia. As flechas foram cortadas para a esquerda e para a direita em meio a sua empunhadura frenética. A espada brilhava enquanto as sombras formavam uma barreira alternativa, bloqueando o tiro das flechas.

A maioria das flechas foi bloqueada.

Ele tinha uma habilidade avançada!

Uma rápida olhada de Kieran lhe disse que Sem-lei estava usando uma habilidade que superava habilidades comuns. Seu nível não poderia ser tão alto, senão ele teria bloqueado todas as flechas, não apenas a maioria. Ele ainda aliviou o fardo de Kieran e Hanses.

As flechas que passaram foram facilmente bloqueadas pela dupla.

Kieran havia pego uma lança longa no caminho e Hanses estava usando uma espada padrão que Sem-lei havia lhe dado antes. Ao contrário de Sem-lei, Kieran e Hanses confiaram em sua visão e julgamento para bloquear as flechas. Embora não tenha sido tão eficaz, era o suficiente nas circunstâncias.

Os três cavalos correram pela chuva de flechas. Kieran até pulou do cavalo para limpar alguns obstáculos algumas vezes. Não importava se fosse tropas defensoras ou rebeldes. Kieran chutou cada um deles.

Sem-lei tirou o máximo proveito da espada em sua mão e formou o melhor escudo que puderam reunir, conduzindo os três até o portão do castelo depois de uma difícil jornada.

O portão do castelo estava fechado, e havia vários arqueiros defensores em cima dele, prontos para atirar mais flechas sobre eles. O trio compartilhou a mesma expressão. O castelo estava em caos, mas ainda tinha soldados que mantinham suas posições, apesar de tudo.

Existia apenas duas explicações possíveis para isso.

Uma delas era que defender o castelo era uma desculpa covarde para evitar combater os rebeldes. Segunda, esses homens nunca entraram em pânico ou perderam a cabeça em uma situação caótica.

Kieran chutava que era a segunda depois de ver os rostos tranquilos e firmes dos arqueiros. Isso não era razão para eles desistirem de escapar do castelo.

— Cubram-me. Eu vou abrir o portão. — Kieran gritou antes de pular de seu cavalo mais uma vez e correr em direção ao portão do castelo.

Assim que Kieran começou a correr, Sem-lei pulou em seu cavalo e começou a bloquear todas as flechas indo em direção de Kieran, fazendo um caminho seguro para ele em direção ao portão do castelo.

O portão era formado por duas estruturas principais.

Uma delas era um mecanismo de portão tradicional formado por duas peças, cada uma com três metros de largura e quase tão alta quanto quatro homens adultos.

Seria necessário a força de pelo menos três homens adultos para empurrá-la. Apesar de seus ferimentos, Kieran abriu um dos portões com facilidade.

Enquanto isso, Hanses arrastou os cavalos e se escondeu no buraco abaixo do portão.

Depois de abrir um lado do portão, Kieran percebeu o próximo obstáculo que precisava superar. Existia uma ponte suspensa. A ponte era controlada por um cabrestante de metal grande. Um cabo de metal do tamanho de um braço de um homem crescido estava preso no meio do cabrestante, travando a ponte firmemente no lugar.

Kieran foi até o cabrestante rapidamente. Se ele quisesse rolar a ponte suspensa, isso lhe custaria muito tempo e energia, mas puxá-la para baixo era uma tarefa simples.Tudo o que ele precisava fazer era puxar o cabo de metal áspero para baixo.

Assim como Kieran estava a poucos passos do cabrestante e do cabo de metal, um som de assobio penetrante foi ouvido.

Kieran rapidamente rolou para o lado.

Uma flecha de metal refinado bateu no local onde ele estava, formando uma minúscula cratera no chão. Metade da flecha entrou na parede, mas a cauda ainda tremia.

O Pelotão Abençoado!

Kieran olhou para a flecha antes de se virar para olhar ao redor.

O capitão Jorque estava correndo em sua direção, o arco mágico em sua mão já estava recarregado com outra flecha e a corda puxada.

A flecha foi disparada como um cometa, indo direto a Kieran.

Kieran apertou a lança na mão direita, seus olhos estavam fixos na flecha, tentando prever sua trajetória.

A flecha não era apenas rápida.Também tinha um tremor. À medida que ganhava mais velocidade, camadas de sombras se formavam ao redor dela, transformando-a de uma flecha em três.

A ilusão deixou Kieran confuso e incapaz de adivinhar sua trajetória.

Ele não tinha ideia em quem acertaria. Ele? Hanses? Sem-lei?

— Cuidado. — Ele gritou para seus companheiros de equipe em alerta depois de rolar para o lado novamente e se esconder atrás de seu cavalo.

De repente, a flecha que estava voando para eles desapareceu. Assim que entrou em contato com o cavalo de guerra, desapareceu como bolha de sabão.

Apenas explodiu no ar.

— Uma ilusão? Merda. — Kieran foi atingido pelo pânico depois que percebeu o truque por trás.

O capitão não tinha intenção de atacar. Ele usou uma ilusão para atrasar seu movimento e impedi-los de soltar a ponte suspensa.

Kieran levantou a cabeça e viu que o capitão Jorque já estava diante dele. O rosto de Jorque expressava claramente o escárnio que ele sentia pelos três.

— Baixe a ponte! — Kieran gritou para Hanses antes de se aproximar para enfrentar Jorque.

Alguém tinha que parar Jorque enquanto outro baixava a ponte.

Mesmo que a mão esquerda de Kieran estivesse quase aleijada, e sua arma fosse uma lança longa com a qual não estava familiarizado, ele ainda se sairia melhor enfrentando o capitão comparado a Hanses, cuja vida estava pendurada em um fio e cujas estatísticas estavam significativamente mais baixa.

Kieran desferiu um golpe com sua lança, produzindo um forte vento enquanto olhava ferozmente nos olhos de Jorque. Seu movimento estava cheio de falhas, alimentando ainda mais o escárnio de Jorque.

Jorque sabia que Kieran não era um usuário de lança. Ele era um pouco mais rápido e mais forte que a maioria das pessoas, mas não tinha nenhuma técnica em seus movimentos. Ele era apenas um criminoso grosseiro. Jorque sentiu-se aliviado ao avaliar a força de Kieran.

A batalha anterior com o rinoceronte havia esgotado a maior parte da força e energia de Jorque. Se não fosse pelas ordens do Grão-Duque, ele não teria deixado seus subordinados para parar o rinoceronte e perseguir os ladrões.

Ele percebeu que sua decisão foi a certa. Jorque era altamente respeitado por causa de sua técnica e estava acostumado a lidar com sujeitos grosseiros. Ele inclinou a cintura para o lado como uma cobra, evitando a lança de Kieran.

Não só ele evitou o ataque, mas como Kieran estava parado em sua frente, ele jogou o arco mágico em sua mão como uma corda, formando um emaranhado com o corpo e a corda do arco e pegando a lança de Kieran.

Jorque apertou a palma da mão e usou sua força para se aproximar de Kieran, usando o corpo do arco. A corda seguiu seu movimento, cortando a mão que empunhava a lança de Kieran.

Antes que a corda pudesse tocar sua mão, Kieran já podia sentir uma sensação de queimação em sua pele.

Jorque usou a corda elástica, transformando-a em uma linha de corte tão afiada quanto uma lâmina. Se entrasse em contato com sua carne, a mão direita de Kieran terminaria como a esquerda.

Kieran largou a lança sem hesitar e deu um passo para trás.

O escárnio de Jorque era quase palpável enquanto observava Kieran soltar sua arma.

Do seu ponto de vista, a mão esquerda aleijada de Kieran e os outros ferimentos que ele sofrera tornaram-o um alvo muito fácil. Ele nem sequer era digno de menção.

Jorque queria terminar rapidamente, já que Hanses estava perto do cabo de metal.

Ele deu um passo à frente e girou o arco ao redor do pescoço de Kieran habilmente. Ele estava segurando sua força, então o movimento não foi poderoso o suficiente para matar Kieran. Mas, seria o suficiente para derrubá-lo.

Jorque pegou uma flecha com a mão direita, seu olhar estava fixo no próximo alvo, a palma de Hanses, que estava prestes a tocar o cabo de metal.

— Você não conseguirá! — Jorque declarou, como sempre fazia.

O arco mágico passou um pouco pelo cabelo de Kieran. Jorque ficou tão espantado com a repentina perda de peso que errou o alvo.

Jorque olhou para Kieran, surpreso. Ele não conseguia compreender como Kieran, um criminoso grosseiro sem a menor técnica, poderia se esquivar de seu hábil ataque.

Ainda mais surpresas se seguiram.

Kieran estava pronto para o ataque. Meio agachado, ele tocou o chão com a mão direita, inclinou a cintura e ficou de pé com suas mãos. Ele mirou seus chutes no queixo e no rosto de Jorque, subitamente se endireitando como uma mola e dirigindo com força para o alvo.

*Bang!*

Seu poder estrondoso e velocidade enviaram Jorque voando com um chute preciso.

Enquanto isso, o cabrestante fez um chiado. Hanses estava colocando todo o seu esforço em puxar o cabo de metal. Quando o cabo foi movido de sua posição original, o cabrestante começou a girar rapidamente. As correntes pesadas sacudiam uma contra a outra, produzindo um barulho alto.

De repente, aconteceu um estrondo alto, e a ponte suspensa foi baixada, fazendo o chão da área tremer. Seu caminho de fuga foi aberto com sangue e suor, mas tinha uma figura humana parada no final da ponte suspensa.

A máscara branca do homem estava brilhando sob o luar como gelo frio e duro.

Era o homem mascarado!