Rose estreitou os olhos e esperou até que a luz enfraquecesse.
Uma enorme porta branca surgiu naquele lugar.
— O que é aquilo…? — sussurrou ela. — Está abrindo…?
Sim. Devagar, mas de certeza, a porta abria, brilhando fracamente enquanto o fazia.
Aquilo gerava uma cena deveras estranha.
— Impossível… O Santuário respondeu? — murmurou Nelson, visivelmente perplexo.
— O que quer dizer com isso? — perguntou Rose.
— Como já deve saber, hoje é o único dia do ano em que a porta do Santuário se abre.
— Mas eu ouvi dizer que ela ficava localizada dentro da sua igreja.
— Verdade, há uma na igreja, mas não é a única. Dependendo de quem é o recém-chegado, há diversas portas que o Santuário pode mandar para recebê-lo. A Porta Espontânea, do Cumprimento, das Boas-vindas… E assim por diante, não se sabe qual será. — respondeu ele. Seu olhar estava fixo no portal branco. — Agora que as coisas chegaram a esse ponto, não podemos deixar que o Desafio da Deusa continue. Retire os espectadores daqui.
Ao receberem as ordens de Nelson, os oficiais começaram a direcionar as pessoas para fora. Os convidados especiais não eram exceção.
Enquanto isso, a porta continuava se abrindo.
— Não deixe que ninguém se aproxime dela. — gritou Nelson. Quando a porta ficou aberta o suficiente para que uma pessoa pudesse passar, ele gritou para Rose e as outras: — Evacuem da área, por favor.
E, quando o fez, Rose desembainhou sua espada. Alexia fez o mesmo, e as duas ficaram de costas uma para a outra e com as lâminas de prontidão.
— Mas o que vocês…?! — gritou, nervoso. Quando olhou ao redor, percebeu um grupo todo trajado de preto os cercando. Até mesmo Rose e Alexia só perceberam pouco tempo antes que Nelson o fizesse.
Uma voz nítida e sonora reverberou.
— Sinto muito, mas pedirei que fiquem parados aí até que a porta se feche por completo. — Quem falou foi uma mulher, cujo manto era diferente dos outros.
— Você… é do maldito Jardim das Sombras?!
Vestida em seu manto comprido, a mulher andava à frente das suas companheiras em trajes pretos e fez seu trajeto até a porta.
Por um momento, seu olhar parou em Rose e Alexia, as quais sentiram os ombros tremerem, e suas espinhas congelaram, prendendo-as.
Ela é forte…!
O seu olhar carregava uma intensidade aterrorizante, e sua presença era opressora demais, como se ela fosse a comandante da noite.
Rose e Alexia consideravam que Shadow estava rompendo os limites da força, mas essa mulher já chegara ao seu nível. Isso estava claro.
— Epsilon, deixo o resto com você. E, quanto às duas princesas, pegue leve.
— Entendido, Alpha.
— Pare aí mesmo! Não deixarei que entre no Santuário!!
Ignorando os gritos de Nelson, a mulher chamada Alpha passou pela porta de luz.
— Oh, aquela é a Alpha…
Rose ouviu Alexia murmurar. Ela mal conseguiu segurar o grito.
— Você a conhece?!
— E o que pretende conseguir com isso? — perguntou Alexia.
— Tudo o que queremos é que vocês continuem parados até que a porta desapareça. O Arcebispo Representante Nelson virá conosco. — respondeu a mulher curvilínea chamada Epsilon.
Ao ouvir o nome dele, Nelson entrou em pânico.
— O que vocês pretendem fazer com o Santuário?
— Não é questão do que pretendemos fazer, mas sim sobre o que pretendemos encontrar. Faça como mandamos, e ninguém se machuca. — Epsilon fez com que Rose e Alexia ficassem imóveis com apenas o olhar. Seus olhos eram como lagos serenos, e estavam focados com vigilância nas duas.
Ela também é forte. Não tanto como Alpha, mas possui uma intensidade que apenas os poderosos têm.
Dito isso, se chegou a esse ponto…
— Se acabarem se movendo um pouco sequer, o que acontecer com ela será culpa de vocês. — Epsilon claramente sentiu a hostilidade delas. Ela olhou direto para Natsume, que foi capturada por uma das mulheres de preto.
— S-Sinto muito … — Natsume olhou para baixo, apologética.
— Senhorita Natsume…!!
Ao ver que Natsume segurava as lágrimas, Rose sentiu o coração se apertar.
A habilidade de revidar delas foi neutralizada… pelo menos era o que pensava.
— Poderíamos deixar ela para trás. — sugeriu Alexia, baixo o suficiente para que apenas Rose pudesse ouvir.
— Com certeza não. — A decisão de Rose foi firme.
— Para ser sincera, seria melhor assim. Não confio nela.
— Com certeza não, eu disse.
Enquanto as duas discutiam, a porta do Santuário parou de abrir. Porém, agora, estava se movendo para fechar.
Devagar, mas de certeza, ela fechava.
O grupo de preto entrou pela porta, arrastando Natsume e o Arcebispo Representante Nelson juntos.
Rose e Alexia não podiam fazer nada além de ficar paradas e observar.
O inimigo delas não mostrava sinal algum de abertura.
Não só todos os membros do grupo de preto eram poderosos, como também trabalhavam em perfeita harmonia. Ao se moverem em unidades compostas por três mulheres, elas conseguiam cobrir as costas umas das outras. Mesmo que Alexia e Rose encontrassem uma abertura na armadura que criavam, ficava claro que suas adversárias a fechariam no mesmo instante. O trabalho em grupo era polido com esplendor.
A porta continuava fechando.
— Não! Por favor! Não me machuquem! — Enquanto era arrastada pela porta, Natsume deu um grito de dor.
— Senhorita Natsume!!
— E-Eu ficarei bem! Por favor, não se preocupem comigo! — gritou Natsume, com coragem e voz trêmula, enquanto era arrastada pelo portal.
Rose a observava sendo levada, com lágrimas nos olhos.
Então ouviu alguém murmurando “suspeito, suspeito, suspeito”, mas preferiu ignorar.
Os últimos a se moverem foram Epsilon e Nelson, que estava amarrado.
Depois de olhar ao redor para se certificar de que tudo parecia normal, Epsilon foi até a porta, puxando o prisioneiro.
Entretanto, ele resistiu, distraindo Epsilon por um instante.
E tudo aconteceu em um piscar de olhos.
Uma sombra negra disparou e cortou Epsilon.
— Excelente trabalho, Carrasco Venom!! — Nelson irrompeu em risadas.
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Enquanto Epsilon via a si mesma sendo cortada, sua concentração atingiu o pico.
Embora tivesse sido pega de surpresa, suas habilidades eram tão afiadas que foi capaz de curvar o tronco para trás a fim de evitar o golpe. Entretanto, seu movimento fez acontecer uma tragédia.
A vida dela passou diante de seus olhos.
Lembrou-se de ter sido uma elfa de nascimento nobre, tornando-se uma “possuída” e sendo deixada de lado e caçada pelo seu povo.
Então, lembrou-se do dia em que sua vida começou novamente.
Naquele dia fatídico, quando Shadow resgatou-a, tudo que pensou conhecer desmoronou ao seu redor, e sua vida ganhou um novo sentido.
Desde a infância, sua determinação sempre foi forte. Nunca duvidou da sua capacidade, e sua personalidade era tal que não podia evitar que mostrasse seus talentos.
Ela vinha de uma boa família, e sua beleza, conhecimento e talento para artes marciais estavam no pináculo da sua geração.
Embora tivesse orgulho de sobra, sempre teve as habilidades para torná-lo justificável.
Talvez essa tenha sido a razão.
No dia em que se tornou uma das possuídas, no momento em que perdeu tudo, foi atingida por uma profunda dor.
Perdeu seu motivo para viver, mas também não tinha coragem para morrer.
Naquele dia, enquanto arrastava sua carne apodrecida ao longo de uma trilha da montanha, Shadow apareceu diante dela.
— Você busca poder…?
Sua voz foi profunda, como se ecoasse de um abismo sem fim.
A mente de Epsilon vagava, e ela pensou que talvez tivesse se deparado com um demônio.
Mas, ao mesmo tempo, também desejava o poder.
Com ele, poderia se vingar daqueles que escolheram abandoná-la.
Poderia torturá-los até a morte. Fazer com que se arrependessem do que tinham feito a ela.
— Então, poder eu lhe darei…
E, com isso, viu-se cercada por uma magia suave, de tom azul-violeta.
Até hoje, ainda não esqueceu da sua luz e calor.
A luz quente e calmante parecia nostálgica, e, antes que percebesse, já havia começado a chorar.
Naquele dia, Epsilon estava fraca, feia e patética, mas, mesmo assim, Shadow a salvou.
— Se deseja afundar-se na loucura de um mundo de mentiras, vá. Entretanto, se deseja ver a verdadeira face deste mundo… siga-me.
E assim Epsilon o fez.
Depois de perder tudo, tornou-se hedionda, porém, quando ele salvou aquela versão dela, sentiu como se tivesse reconhecido o seu verdadeiro eu.
Ela não precisava ter classe.
Não precisava de beleza nem de orgulho dos seus talentos.
Havia outras coisas que eram mais importantes.
Depois de descobrir a verdadeira natureza do mundo e encontrar suas quatro predecessoras, entretanto, mudou a sua forma de pensar.
A verdade: ela não tinha necessidade da sua herança, mas o talento era essencial.
E suas incríveis habilidades de combate estavam em último lugar. Além disso, as posições mais altas estavam ocupadas por monstros e super-humanos perfeitos, o que a deixava sem chance alguma de ultrapassá-los.
O intelecto do qual tanto se orgulhava também estava em último lugar.
Os gênios diante dela destruíram sua confiança.
Mesmo quando se tratava de ser curvilínea, foi derrotada por espécies perfeitas e máquinas humanas que nunca cometiam erros.
A este ritmo, não haveria mais uma área em que pudesse ter sucesso.
A não ser pela beleza.
Para Epsilon, sua aparência era essencial. Seu amado mestre era um homem, afinal de contas.
Quando avaliou seu charme de maneira objetiva, percebeu que estaria entrando em uma disputa acirrada.
Se o rosto fosse o único critério relevante, não teria com o que se preocupar, mas ainda precisava considerar o futuro. O que realmente importava era que as mulheres da sua família foram amaldiçoadas com peitos pequenos e retos.
Assim como homens lamentam pela calvície de seus antepassados, Epsilon também lamentava sua linhagem de peitos. Sabia que, caso a coisa continuasse do jeito que estava, não havia dúvidas de que chegaria o dia em que acabaria sofrendo uma derrota esmagadora.
E, por isso, quando encontrou um certo objeto pela primeira vez, sentiu como se tivesse sido atingida por um raio.
O traje corpóreo de slime.
Não precisou de mais do que um olhar para notar as possibilidades contidas dentro dele, e o seu coração passou a pertencer ao traje no mesmo instante.
Embora normalmente se prendesse a cada uma das palavras de Shadow, ela não deu atenção alguma enquanto ele explicava sobre os trajes de slime, pois não conseguia tirar os olhos dele.
Havia percebido algo.
Ela poderia dar uma erguida nos bonitinhos.
Só precisou de três dias para que pudesse controlar o traje de slime à vontade.
Daquele dia em diante, usava ele onde quer que fosse com o pretexto de estar praticando o controle, então, pouco a pouco, foi adicionando volume ao seu busto.
O progresso foi vagaroso, a fim de não gerar suspeitas, mas bastante audacioso, até porque ela era, afinal, uma garota em crescimento.
Quando já estavam com um tamanho bom, percebeu algo.
Eles pareciam estranhos ao toque.
No final, slime continuava sendo apenas slime. Seus peitos eram diferentes do negócio de verdade, e a forma com a qual se moviam também não era a mais correta. Daquele dia em diante, Epsilon passou a observar Beta, como se realizasse um reconhecimento sobre o inimigo, e, alguns dias depois, foi capaz de controlar perfeitamente o seu slime para replicar o balanço e sensação dos de verdade.
Até aquele momento, o controle sobre magia de Epsilon superou o de Alpha por um grande nível.
Embora os outros reconhecessem sua superioridade e tenham passado a chamá-la de Epsilon, a Fiel, ela já havia parado de se importar com isso havia muito tempo.
Ao invés disso, observava Beta com um olhar criterioso, sem parar de tremer um instante sequer.
Como os dela continuam crescendo?!
Isso era um pedido de guerra: uma batalha sem honra nem humanidade entre natural e artificial.
No fim, Epsilon estufou um pouco mais e, então, saiu vitoriosa. A humanidade era um monstro que consistentemente triunfava sobre a natureza.
Entretanto, o preço da vitória foi algo caro.
Naquele mesmo dia, ao ver o próprio reflexo em um espelho, perdeu o pouco orgulho que tinha recobrado, pois percebera algo.
Suas proporções estavam erradas.
Para a sua tristeza, seu corpo era delicado e magro.
No entanto, decidiu se esforçar e, então, encontrou uma possível solução.
Tudo o que precisava fazer era equilibrar seu corpo ao deixar sua bunda maior também.
No final, entretanto, não parou apenas na bunda, na qual usou o slime para dar nova forma. Apertou e espartilhou a barriga. Usou palmilhas de slime para deixar as pernas mais compridas e adquirir a melhor proporção possível. Ela… levaria uma eternidade para listar todos os pequenos detalhes.
Em resumo, usou o traje de slime para adquirir o corpo perfeito.
O esforço foi imenso, estando sempre atenta para que ninguém descobrisse e, durante o processo, desenvolveu a presença de uma rival detestavelmente digna.
Acima de tudo, porém, foi uma demonstração dos seus sentimentos pelo amado mestre dela.
A precisão de Epsilon não passava de um subproduto de todo o seu trabalho. O verdadeiro poder dela era a proteção física incrível que as várias camadas de enchimento de slime forneciam.
Fim do flashback.
A sombra que atacava moveu a lâmina para baixo.
Quando o fez, a cristalização de todo o trabalho duro de Epsilon foi arrancada.
Os dois amontoados macios do traje de slime voaram no ar, e, naquele momento, Epsilon despertou.
Isso não pode acontecer aqui…
Não…!
Ela se recusava a ser exposta por causa dessa merdaaaaa!!
Ao manipular os traços de magia que restavam nas duas protuberâncias voadoras, fez com que mantivessem a forma à força.
Para um olho bem treinando, sua habilidade para manipular magia quando esta deixava o seu corpo era o suficiente para deixar qualquer um sem fôlego.
Ao mesmo tempo, ela puxou a magia de volta para si, instantaneamente trazendo para a posição original.
Manter esse nível de controle perfeito em um piscar de olhos… era algo que estava além de super-humano.
Como toque final, fez com que balançassem da forma que peitos de verdade deveriam. Esse era o poder da Epsilon, a Fiel.
— Excelente trabalho, Carrasco Venom… Hmm? — Nelson olhou uma vez mais para Epsilon.
Ela deveria estar em pedaços agora, mas estava no mesmo lugar, sem um arranhão sequer.
Na realidade, era o contrário.
— Viu algo…?!
— Hã…?
O que é essa intensidade aterrorizante que vem dela?!
Os joelhos de Nelson começaram a tremer.
— Você… viu alguma coisa?
— Ahhh… N-Não! Nada…!
— E quanto a vocês duas? — A pergunta dela foi direcionada a Rose e Alexia, as quais balançaram a cabeça.
— Ótimo. Venha, agora.
Ela agarrou Nelson pela gola e o arrastou.
— Ahhh! O que está fazendo, Carrasco Venom?! Me ajude logo!!
— Se está falando daquele Carrasco… — Epsilon inclinou-se e falou direto no ouvido de Nelson. — … já o matei.
A cabeça do Carrasco caiu no chão.
— AAAAAAAH!!
Com Nelson preso, Epsilon desapareceu para além da porta, a qual já estava quase fechada.
No momento em que estava prestes a se fechar, mais uma pessoa saiu em disparada.
— Alexia?!
Ignorando o aviso de Rose, ela passou pela fresta da porta.
— Oh, céus!
Rose correu atrás dela e também entrou. Logo em seguida, a porta fechou, então desapareceu, deixando apenas um brilho fraco.
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— Ack?!
Rose caiu em cima de algo estranhamento macio. Depois de balançar a cabeça e sentar-se, viu que havia duas mulheres debaixo dela.
— Oh, sinto muito.
— Rose, poderia fazer o favor de sair de cima de mim o mais rápido possível?
— Princesa Alexia, eu gostaria de pedir para que não me tocasse.
As mulheres em questão eram Alexia e Natsume, as quais estavam se encarando mesmo naquela situação.
No momento em que Rose ficou de pé, as duas se separaram mais do que depressa e desviaram o olhar.
Ao ver que elas estavam de mal uma com a outra, Rose sentiu-se ainda pior.
— Vocês não deveriam brigar… Oh. — Quando as chamou, notou que outras pessoas estavam olhando para elas.
Estavam em um lugar escuro e frio, cercadas por mulheres de preto. Alpha, Epsilon e Nelson estavam entre essas pessoas.
— Hm, bem… sabe… — Rose ergueu os braços, pois sabia que lutar não a levaria a lugar algum. Ela forçou um sorriso para tentar demonstrar que não apresentava perigo.
Ao seu lado, Natsume se encolhia de medo. Quando Rose percebeu que precisava agir, Alexia deu um passo à frente.
— Sinto muito. Acabamos tropeçando e caindo. E, quando isso aconteceu, bem… tinha uma porta lá. Não foi culpa nossa.
Foi naquele momento em que Rose aprendeu que não ter vergonha pode ser um tipo de persuasão à sua própria maneira.
Alexia obviamente estava mentindo, mas ninguém tinha vontade de desperdiçar esforços gritando com ela por causa disso, ainda mais porque ela falava com a atitude arrogante de um lorde demônio que conquistou o mundo.
Que seja. Vamos deixá-la na dela, foi o que todas pensaram ao vê-la.
— Se concordar em se comportar, pode fazer como achar melhor. Na realidade, vocês provavelmente têm o direito de saberem sobre algumas coisas. — disse Alpha, olhando na direção de Alexia. Então, com suas ordens, o grupo de preto se espalhou.
— Booooa! — disse Alexia, enquanto erguia um punho em segredo.
Os únicos que continuaram ali foram Alpha, Nelson, Rose, Alexia, Natsume e outra mulher de preto, a qual não era Epsilon, entretanto.
Por trás da máscara, a elfa sorria.
— É dito que o grande herói Olivier cortou o braço esquerdo do Demônio Diablos e o selou aqui.
— E? O quê? Você veio em busca do braço? — Nelson riu.
— Isso parece engraçado, mas… não é o que buscamos aqui. Queremos saber mais sobre o Culto de Diablos.
Alexia visivelmente estremeceu quando a organização foi mencionada. Rose lançou um olhar de soslaio para ela e viu que os olhos dela tinham ficado rígidos.
— Do que está falando…?
— Sei que não seria capaz de nos contar nada. É por isso que tivemos que vir pessoalmente, pois viemos em busca da verdade, a qual foi escondida nas sombras da história desde os primórdios. — Alpha virou-se, então começou a caminhar em direção a uma grande estátua de pedra. Os seus saltos ecoavam através da câmara espaçosa. — Uma estátua do grande herói Olivier, pelo que vejo.
Ao ouvi-la, Rose inclinou a cabeça para o lado.
— Olivier…? Não devia ser um homem?
Ela estava certa… Alpha referiu-se à estátua de uma mulher segurando uma espada sagrada. Ela era linda, com a divindade feroz de uma Valquíria.
— Temos uma ideia geral do que aconteceu. Entretanto, ainda há algumas incertezas: as verdades históricas, o verdadeiro objetivo do Culto e… — Alpha estendeu a mão até a estátua e tocou o seu rosto com gentileza. — … por que o rosto de Olivier é idêntico ao meu.
Virou-se, e a máscara que cobria o seu rosto tinha agora desaparecido.
— Você é uma elfa…? — murmurou alguém. Não se sabia quem tinha sido.
Entretanto, enquanto todos estavam sem fôlego devido à sua beleza, perceberam algo. O rosto de Alpha era a cópia perfeita do de Olivier.
— Impossível! Você é aquela elfa que… Mas a possessão deveria tê-la matado.
— Viu só? Você sabe do que estou falando, afinal.
— …! — Nelson rapidamente calou-se.
— Sabemos da verdade sobre os possuídos também. Para um culto que deseja controlar a sociedade, esse deve ser um espinho gigantesco para vocês, não é?
Nelson olhou para baixo, recusando-se a responder.
Rose não fazia ideia alguma do que eles estavam falando. Mas parecia que Alexia entendia um pouco, e as coisas que Alpha dizia certamente não soavam como algum tipo de bobagem.
Era difícil acreditar que essas duas poderosas organizações estavam brincando de arqueologia por puro capricho. Devia haver algum motivo importante. O Jardim das Sombras tinha um plano, e o Culto de Diablos também deveria ter o seu próprio.
O ataque recente à escola imediatamente surgiu na mente de Rose. Não havia como aquilo não ter relação a tudo isso.
Uma guerra entre duas organizações poderosas desenrolava-se nas sombras, o que fez com que tremesse ao enfim perceber.
Se o conflito deles acabasse ficando mais intenso, ela duvidava muito que os oficiais do governo, que estavam desavisados, seriam capazes de lidar com a situação.
— Suspeitávamos que o objetivo do Culto não era apenas ressuscitar um demônio. Entretanto, ainda não havia certeza, e por isso viemos para ver por nós mesmas. — Enquanto falava, Alpha canalizava magia para dentro da estátua. Quando sua magia surgiu, até mesmo o ar começou a vibrar.
— Você é uma das possuídas. Mas o seu poder… despertou-os sozinha…?
Quando Rose viu a quantidade incrível de magia fazendo seu trabalho, um calafrio lhe percorreu a espinha. Se aquela mulher virasse o seu poder contra a nação, seria necessária uma quantidade excessiva de recursos militares para que ela fosse parada.
— Uma grande batalha ocorreu no passado. O herói selou o demônio, e muitas vidas valiosas foram perdidas. Após isso, as magias do demônio e do herói se misturaram, prendendo as memórias que perderam seu caminho. Essa terra é um local de descanso para as memórias antigas e da fúria daquele demônio. Um cemitério.
A estátua começou a brilhar, reagindo à magia. Letras antigas surgiram em sua superfície, e cores começaram a se espalhar.
— Olivier, nosso grande herói, eu sabia que responderia ao meu chamado.
E lá estava Olivier, o retrato vivo de Alpha.
— Impossível… Não pode ser… — As pernas de Nelson tremiam.
Olivier virou as costas para eles e começou a andar. Seu destino se preenchia de luz, e, sem demora, a área inteira ficou iluminada.
— Então, vamos partir em uma pequena jornada pelo mundo dos contos de fadas.
A voz de Alpha foi a última coisa que ouviram antes que o mundo fosse preenchido por luz.
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Depois de derrotar Violet, fugi dos meus perseguidores, percorrendo toda Lindwurm, então me refugiei nas montanhas, só por precaução.
Quando pensei que a barra já pudesse estar limpa, me vesti com minhas roupas normais e dei um suspiro de alívio.
Parece que consegui sair dessa de alguma forma. Lá no estádio, a única coisa que todo mundo devia estar falando era do Shadow, o misterioso fodão. Aquele zé-ninguém da Academia para Cavaleiros Negros já devia ter sido apagado da memória do público.
Já fiz tudo o que era possível hoje, então acho que vou apenas voltar, dar um mergulho nas fontes termais e ir dormir. Justo quando me levantei para partir, entretanto, uma porta estranha apareceu de repente diante de mim.
Uma porta suja flutuava no meio das montanhas. Hm. E estava coberta de manchas negras, o que claramente era sangue seco.
— O que é isso?
Isso é muito mais do que suspeito. Até mesmo eu sei que não é bom mexer com essas coisas, por isso dei meia volta.
— Ei!
Me virei mais uma vez.
— Sem chance.
Saltei para trás.
— É sério isso?
A porta estava me seguindo… com raiva ainda!
Não importava para quão longe eu ia. Não importava que caminho pegasse. Não importava se eu dava cem saltos mortais para trás em sequência. A porta sempre aparecia na minha frente.
Só me restava uma escolha.
— Hora de fazer picadinho.
Assim que eu disse isso, desembainhei minha espada e a cortei em duas.
Mas… no momento em que a dividi ao meio, ela voltou ao normal.
Guardei minha katana e pensei.
Obviamente, não poderia voltar para a cidade com essa porta suja me seguindo. Eu me destacaria demais.
E o que era essa coisa? Não sentia ninguém por perto, então duvidava que fosse algum tipo de brincadeira de mau gosto. Além disso, não tinha nada atrás dela.
— É tipo a versão deles de a Porta Mág*ca de D*raemon?
Essa porta estava agindo de uma maneira muito desesperada, por isso, se eu entrasse, imaginei que tudo iria se resolver. Eu realmente só queria tomar um banho nas fontes termais e ir dormir, entretanto.
Pensei por uns trinta segundos, então tomei uma decisão.
Tudo bem, que seja. Vamos terminar logo com isso.
Quando abri, me deparei com um abismo escuro que fazia com que eu me sentisse estar sendo sugado. Torcendo para que não fosse um enredo do tipo em que eu morro no momento que entro, saltei.
Vi-me em um local feito de pedra.
Estava bastante vazio. Havia apenas uma porta e uma mulher acorrentada à parede. Oh, ei, era Violet.
— Beleza? — eu disse para ela, que olhou para mim, e os seus olhos se arregalaram de surpresa.
— … beleza. — Ela imitou o meu gesto. — Pouco tempo que não nos vemos.
— Pois é. Ei, foi você que me chamou aqui?
— “Chamou”…? Isto com certeza não foi obra minha. Mas me diverti de verdade antes.
— Aham, eu também.
— Minhas memórias estão incompletas, porém tenho certeza de que você era o mais forte deles. Se pudesse ter aparecido na minha época…
— Sinto-me honrado.
— Mas, então, o que está fazendo aqui? — Ela me observava, curiosa.
— Uma porta apareceu do nada, entrei e aqui estou.
— Não sei se entendi direito.
— Pois é, nem eu. A propósito, sabe onde fica a saída?
— Não tenho certeza. Não possuo memórias de ter saído alguma vez daqui.
— Você acabou de sair e lutar comigo, entretanto.
— Quando me dei conta, já estava lá. Foi a primeira vez que algo assim aconteceu comigo. Pelo que eu me lembro, é claro.
— Oh, hm. Bem, uma pena.
Forcei meu cérebro para pensar no que fazer.
Havia uma porta, mas logo que decidi tentar passar por ela, Violet me chamou com os lábios franzidos.
— Há uma bela mulher acorrentada bem diante dos seus olhos. — disse ela.
Olhei-a e, ao ver seus membros presos em formato de cruz, assenti com a cabeça.
— Aham.
— Você poderia, por gentileza, me ajudar aqui?
Inclinei a cabeça para o lado ao perceber que estava entendendo errado as coisas.
— Oh, foi mal, achei que estivesse treinando.
— Quê?
— Eu costumava treinar assim.
— … Que comovente.
Peguei a espada fornecida pela escola e libertei Violet de suas correntes. Usar minha espada de slime não era uma boa ideia.
Ela se espreguiçou, alegre, e um sorriso nostálgico surgiu em seu rosto.
— Obrigada. Faz mil anos, mais ou menos, desde a última vez que me senti tão livre assim.
— Sério?
— De certa forma. Não me lembro muito, mas faz quase isso.
Depois de dar alguns tapinhas em seu manto fino, Violet arrumou o cabelo para trás da orelha direita. Acho que é assim que ela gostava de deixá-lo.
— Então, vamos discutir nossos objetivos. — começou, aparentemente tranquila.
— Hein?
— A minha liberdade e a sua fuga, correto?
— Sim, me parece certo.
— O que acha de trabalharmos juntos, então?
— Bora, mas você conhece mesmo uma saída?
— Não. Entretanto, sei um caminho para me libertar. O Santuário é uma prisão para memórias, e há um núcleo mágico em seu centro. Se o destruirmos, serei libertada.
— Só você?
Ela olhou para mim com o canto dos olhos, sorrindo de maneira provocadora.
— Tudo, e até você pode ser capaz de sair.
— Isso não irá destruir o Santuário?
— Oh, eu espero que sim. Algum problema com isso?
Pensei na pergunta de Violet em silêncio.
— Agora que paro para pensar, acho que não. Na verdade, me parece uma boa.
— Então está decidido. Imagino que já tenha notado, mas não podemos usar magia aqui. Estamos próximos do centro do Santuário. Se tentarmos praticar magia, ela será imediatamente sugada.
— É o que parece.
Era mais forte do que a bugiganga que os terroristas usaram no ataque deles. Quando tentei disparar minha magia, ela desapareceu na mesma hora. Estou testando várias opções diferentes, mas pode ser que leve um tempo até encontrar alguma brecha.
— Não se preocupe, sou ótimo em quebrar as coisas.
— Adorei saber que posso depender de você. Por coincidência, sem magia, não passo de uma donzela delicada. Sempre quis ser protegida por um cavaleiro valente.
O sorriso de agora foi tão travesso quanto o anterior. Para uma autoproclamada donzela delicada, parecia estar bastante calma com tudo isso.
Ela assumiu a liderança, abrindo a porta sem hesitar.
— A propósito, o que acontecerá quando você ficar livre? — perguntei a Violet, atrás dela.
— Desaparecerei. Não passo de uma memória, afinal.
Ela não se virou para olhar para trás.
Do outro lado da porta havia uma floresta iluminada pela luz do sol. A luz passava pelos espaços entre as árvores, e gotas de orvalho da manhã brilhavam na grama.
Esse lugar não parecia familiar, por isso olhei ao redor, tomando nota da região.
— Estamos dentro de uma memória. — explicou Violet.
— Sua?
— Acho que me lembro de algo assim.
E, com isso, ela continuou em frente. Eu a seguia para não ficar para trás.
Depois de avançar através da floresta silenciosa por um tempo, chegamos a uma clareira de repente. Dentro dela, uma garotinha, de cabelos negros, estava sentada no chão e abraçando os joelhos, iluminada pela luz solar.
— Parece que ela está chorando. — comentei.
— E está.
Nós dois nos aproximamos dela.
Quando me agachei para ver seu rosto, percebi lágrimas escorrendo dos seus olhos violeta.
— Ela se parece com você.
— Uma coincidência, sem dúvidas.
— Por que está chorando?
— Talvez tenha se mijado? — supôs Violet, sem ajudar muito.
A garota continuou chorando baixinho, e o seu corpo estava coberto de hematomas.
— E o que faremos?
— Se quisermos continuar, precisamos acabar com a memória.
— Como assim?
Violet gritou para a garota chorona:
— Chorar não vai te levar a algum!
Então lhe deu um tapa com força na bochecha.
— Isso foi terrível.
— Está tudo bem, já que sou eu mesma, afinal.
— Então vai admitir?
O mundo se desfez. A floresta ensolarada despedaçou-se em pequenos fragmentos como um espelho quebrado, então sumiu no abismo.
Uma escuridão vazia nos cercava. Eu mal conseguia ver Violet ali.
— Vamos continuar.
— Beleza.
Avançamos pelo vazio em direção ao lugar que sugava nossa magia.
Era a única sensação que tínhamos para seguir o caminho.
Eu mal sentia o chão sob meus pés, e sequer sabia se estava descendo ou subindo. Para testar, tentei caminhar invertido. Parecia estar de ponta-cabeça: pés para cima, cabeça para baixo.
Funcionou.
Violet me lançou um olhar cansado.
— Não venha espiar debaixo da minha saia.
— Não se preocupe, não consigo ver nada.
Depois de prosseguir um pouco mais, fomos engolidos por uma luz vermelha.
— Uou!
Eu quase quebrei o crânio, mas consegui parar a queda no último minuto.
— Isso é o que você ganha por ficar de brincadeira. — Violet olhou com desprezo para mim, que estava jogado no chão, então estendeu a mão.
— Valeu. — Peguei sua mão gelada e voltei a ficar de pé.
Estávamos em um campo de batalha coberto pelo resplendor da luz do sol poente, o qual brilhava com seu vermelho-sangue um pouco acima da linha do horizonte.
— Estão todos mortos.
A terra estava coberta por soldados falecidos e manchada de preta pelo sangue deles. Os cadáveres continuavam até o fim do horizonte.
— Vamos continuar no nosso caminho.
Violet continuou andando, quase como se tivesse o destino em mente.
Havia corpos para todos os lados. Enquanto éramos forçados a pisar em cima deles, o crepúsculo começou a entrar em cena.
Uma vez sonhei com a chance de me soltar em um grande campo de batalha como esse.
Depois de andar por um tempo, chegamos ao centro do campo e encontramos uma garota coberta de sangue, a qual chorava, então paramos na frente dela.
Ela choramingava, ajoelhada em cima dos cadáveres.
Mesmo sem ver seu rosto, eu sabia que era Violet.
— Você está chorando novamente.
— Eu era uma chorona. Me empreste sua espada.
— Aqui, pode pegar.
Entreguei-a para Violet.
Ela ficou diante da garota, com a espada em mãos. O seu rosto estava desprovido de emoções, e quase parecia que ela estava se livrando dos sentimentos que tinha.
Então, golpeou com a lâmina.
Naquele momento, saltei.
Agarrei Violet pela cintura e a puxei para trás.
— Aquilo foi… um cadáver?!
Parecia que ela também tinha percebido.
Um dos cadáveres dos soldados levantou-se e tentou cortá-la. Se eu não tivesse agido rápido, seria o seu fim.
— O Santuário está rejeitando-a, hmm…? Isso é um problema.
— Você quer dizer tipo um sistema de antivírus perseguindo um malware? — perguntei enquanto chutava os zumbis para longe.
— Temo que não entendi direito.
— Pois é, foi mal. Eu também não sei direito como eles funcionam. A propósito, o que acontece se você morrer aqui?
— Acho que eu voltaria a ficar acorrentada no lugar em que você me encontrou.
— Isso seria um saco. Você é boa com a espada?
— Posso acabar me atrapalhando.
— Parece que pode ser mais fácil se eu assumir.
Violet devolveu minha espada, e eu cortei um soldado nas proximidades.
Cortei-o ao meio com um único golpe, mas eles não paravam de se acumular e nos cercar. Eu rapidamente abri mão de erradicar todos e preferi disparar e romper a barreira deles.
Violet pisou em alguns zumbis caídos com o seu salto alto.
— Parece que você está sofrendo sem magia. — comentei.
— Acho que já te falei que sou uma simples garota frágil. Você parece estar se saindo bem.
— Como eu disse, não se preocupe.
Golpeei com a minha espada e cortei ao meio um zumbi que corria na minha direção.
— Sou capaz de usar magia desde que nasci, por isso reestruturei a mim mesmo enquanto crescia. Meu corpo é a forma perfeita para combate. Meus músculos, nervos, ossos… usei magia para manipular todos eles até ficarem perfeitos.
Acabei com três deles com apenas um golpe, então, com um chute, joguei para longe um que me atacava do lado.
Individualmente, os zumbis eram lentos. Havia muitos, mas eu poderia dar um jeito neles aos poucos.
— Isso é injusto. Você é como um adulto surrando crianças.
— Eu gostaria que você fizesse eu parecer um pouco mais maneiro do que isso.
— Se realizassem um torneio em que não fosse permitido usar magia, tenho certeza de que você sairia vitorioso.
— Agora sim. — eu disse, mas, se tivesse que continuar lutando desta forma, o meu corpo chegaria ao limite em algum momento. A multidão de zumbis se estendia até o horizonte. Acabar com todos sem magia seria impossível.
Cara, se eu pudesse usar magia e me soltar por completo aqui…
Abri caminho à força pela multidão até chegar na garota que chorava.
— Sinto muito.
Sangue escorreu da sua boca, e, quando eu e Violet fomos engolidos pela horda, o mundo se desfez uma vez mais.
Enquanto a paisagem se estilhaçava, nós dois voltamos para a escuridão.
— Está tudo bem?
— Graças a você. — respondeu Violet enquanto eu guardava minha espada na bainha.
Começamos a andar pelo vazio novamente até que fomos engolidos pela luz no final.
Enfim tínhamos chegado ao centro do Santuário.
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Quando Alexia recuperou os sentidos, viu-se em um corredor branco, o qual parecia se estender ao infinito; pelo menos não era capaz de ver o seu fim.
Não parecia haver nenhuma luz, mas, mesmo assim, o corredor parecia claro. Parecia real e, ao mesmo tempo, desorientador, como em um sonho.
Olivier foi à frente e começou a andar. Alpha seguia logo atrás dela, e o resto se apressou para não ser deixado.
O herói parecia uma linda elfa adulta no começo, mas foi ficando mais jovem com cada passo que dava, e, sem demora, ficou parecendo uma garotinha. O jovem herói passou pelas barras de ferro e se agachou dentro de uma das celas.
— Crianças sem parentes costumavam ser caçadas. — A voz de Alpha ecoava pelo corredor branco sem fim.
Então, ela continuou andando.
Em certo momento, as celas ficaram repletas de crianças. Garotos e garotas, humanos, elfos e teriantropos — isto é, bestas híbridas — estavam enjaulados. Não tinham nada em comum a não ser a idade.
— Aqui, eles eram cobaias para um experimento. — Alpha parou diante de uma das celas em particular, dentro da qual estava uma garota. Ela parecia ter perdido sua sanidade, enfurecida dentro da cela como se estivesse sentindo dor. Ela batia a cabeça, arranhava as paredes e rolava pelo chão.
Alpha continuou movendo-se.
A garota na cela seguinte estava coberta de sangue, mas nem todo o dano parecia ter sido causado por ela mesma. Seu corpo aparentava ter passado por uma mudança estranha, fazendo com que sua pele rasgasse e que ela ficasse encharcada de sangue.
Alexia reconhecia aquela carne enegrecida e apodrecida.
— Ela é uma das possuídas… — murmurou alguém.
— A maioria das crianças morria, pois não conseguiam se adaptar.
Alpha voltou a andar.
A cela seguinte estava vazia. As únicas coisas que chamavam a atenção eram manchas de sangue que cobriam as paredes e piso e as marcas de mão de alguém que claramente implorava por ajuda.
Alpha apenas continuou, imperturbada.
O resto das celas era a mesma coisa: crianças sofrendo e morrendo.
— Isso é terrível… — Rose ofegou, cobrindo a boca. Alexia concordou em silêncio.
Havia um padrão nas mortes. Os corpos das garotas acabavam sendo vítimas da possessão, mas os dos garotos não.
— As únicas a conseguirem se adaptar eram algumas garotas.
Então, Alpha parou.
A cela diante dela estava ocupada por uma Olivier um pouco mais velha. Ela não tinha ferimentos, nem parecia estar sentindo dor, apenas continuava sentada, sem se mover, abraçando os joelhos e encarando a cela oposta.
Aquela cela, por outro lado, estava coberta de sangue. No momento seguinte, entretanto, estava tudo limpo, como se tivesse acabado de passar por uma mudança, e havia uma garota lá dentro. Ela sofreu, então morreu. Outra garota apareceu pouco tempo depois.
A jovem Olivier continuava apenas observando.
— Por que estão fazendo algo tão horrível…? — perguntou Rose, com a voz trêmula.
— Se importaria em responder, Arcebispo Representante Nelson? — Alpha virou-se na direção do homem em questão.
Depois de virar a cabeça para longe e vacilar por um momento, Nelson falou baixinho:
— Eles precisavam do poder para enfrentar Diablos….
— Pelo menos era isso o que o Culto dizia. Independentemente da verdade, porém, é fato que Olivier arrancou o braço esquerdo de Diablos. Ela foi uma das poucas crianças capazes de se adaptar àquilo. — disse Alpha, enquanto continuava.
— O que é “aquilo” que você menciona?
Ao ouvir a pergunta de Alexia, Alpha parou por um segundo antes de responder.
— As células de Diablos. É assim que as chamamos, pelo menos. A fim de enfrentar Diablos, decidiram tentar roubar o poder dele.
— Roubar o poder dele…? Isso não era apenas um conto de fadas?
— Não vimos com os nossos próprios olhos, mas a história foi registrada desta maneira. Se quer pensar que não passa de um conto de fadas, a escolha é sua. — Alpha começou a andar mais uma vez. — Depois de todo esse tempo, não há muito sentido em debater a veracidade de histórias antigas. Sequer podemos saber se essas memórias são todas verdadeiras. Afinal de contas, elas desaparecem com o tempo, remodelando-se para se adequarem à narrativa de seus donos.
Eles passaram por cela após cela.
Enquanto andavam cada vez mais pelo corredor, mais celas vazias encontravam. Olivier envelhecia, até que se tornou uma jovem adorável. O seu rosto se parecia mesmo com o de Alpha.
— Depois que ela ficou mais velha e obteve o poder de Diablos, Olivier recebeu uma missão.
— Matar Diablos…? — Rose tentou confirmar, e Alpha acenou com a cabeça.
— É assim que os livros de história retratam, mas suspeito que esta seja uma mentira. Muito provavelmente, sua tarefa era colher mais células do Diablos.
— Isso é mentira! — intrometeu-se Nelson. Ele encarava Alpha, com um rosto vermelho. A mulher de preto o ergueu pela nuca, e ele emitiu um coaxo de sapo.
— Mesmo depois de ter ficado mais forte, Olivier ainda obedecia ao Culto. Não se sabe ainda o motivo, mas suspeitamos que se dava ao fato de acreditar fielmente que derrotar Diablos traria a paz. É por isso que ela estava cooperando com eles.
Olivier saiu da sua prisão.
Depois de colocar uma armadura e prender a espada nas costas, partiu em uma jornada. Ao ver o rosto de Olivier, Alexia viu-se concordando com a confirmação de Alpha.
Olivier devia realmente querer que o mundo estivesse em paz, pois a sua expressão mostrava esperança e determinação.
Enquanto continuava pelo corredor branco sem fim, seu destino tornou-se inundado por uma luz forte.
— Mas não era isso o que o Culto queria.
Então, o raio de luz afogou o mundo inteiro.
— Eles queriam ter todo o poder para si mesmos.
A realidade iluminada rachou como a superfície de um espelho, então estilhaçou-se em pequenos fragmentos, revelando um novo mundo.
Eles estavam em um campo de batalha, mas não havia soldados.
A paisagem era formada pelo crepúsculo e estava coberta por cadáveres, e um grupo de homens em mantos brancos se reuniam ao redor de um amontoado preto.
Olivier não estava presente na cena.
Alexia e as outras seguiram Alpha, chegando mais perto.
— O que é aquilo…? — perguntou Rose, baixinho.
O amontoado em questão era um braço gigantesco. Era o braço de um monstro: preto, grosso e horrorosamente nojento. Pedaços de carne rasgada estavam pendurados em suas unhas enormes.
— O braço esquerdo de Diablos. Arrancado, mas ainda vivo.
Assim como Alpha disse, o braço ainda mostrava sinais de vida.
Um dos homens de branco chegou perto demais sem querer e foi perfurado por uma das unhas. Mesmo estando preso por correntes e estacas, o braço ainda bombeava quantidades grandes de magia.
— Ao usar um artefato de alto nível, o Culto conseguiu selar o braço. Entretanto, o selo era imperfeito, e suas distorções acabaram dando luz ao Santuário. Mas, enfim, isso já é outra história. O Culto está em busca da incrível energia vital contida dentro das células de Diablos.
Um homem de manto branco retirou sangue e cortou pedaços de pele do braço selado.
Depois de um tempo, o sangue e a pele extraídos se regeneraram por completo.
— Graças à pesquisa sobre o braço de Diablos, o Culto foi capaz de desenvolver um medicamento que fortalecia os humanos. Ainda possui efeitos colaterais, mas, ao contrário de antes, agora é efetivo.
Alpha retirou uma pílula de dentro do seu decote e a jogou no ar com uma batidinha da unha.
Depois de formar um arco pelo ar, caiu no chão e bateu contra o sapato de Nelson. A pílula era vermelha, e Alexia a achou semelhante àquela que viu anteriormente.
— O Culto usou-as como apoio em seus trabalhos, mas a fonte da verdadeira força está em outra coisa. Após selar a carne de Diablos e fazer experimentos com ela durante eras, foram capazes de produzir outra droga.
A cena mudou.
Agora estavam dentro de um laboratório claro. Homens de manto branco estavam ao redor de uma mesa, esperando ansiosamente.
No fim, uma única gota de algo caiu dentro de um pequeno recipiente.
— Aquele líquido vermelho e brilhante dizem ser o próprio sangue de Diablos.
O líquido parece, de fato, sangue e emite um brilho vermelho vibrante.
Os homens celebravam e gritavam, e o líder deles bebeu aquilo.
— Ao consumir o líquido, ganhava-se um poder gigantesco… e um corpo eternamente jovem. Parece que nossa hipótese estava correta.
O olhar de Alpha virou-se para Nelson. Ele olhou para baixo, em silêncio, tentando esconder o rosto.
— Então, alguma de vocês não acha que o homem de manto ali… — Ela apontou para o homem de branco no grupo. — … se parece com o nosso amiguinho Nelson?
— Não pode… ser! — gritou Alexia, então olhou para o rosto dele.
Mas Alpha tinha razão. O rosto de Nelson era idêntico ao do homem de manto branco. Eles eram mais do que semelhantes — não havia dúvidas de que ambos eram a mesma pessoa.
— Você poderia nos dizer o nome da maravilhosa droga que criaram?
— Gotas… de Diablos. — murmurou Nelson.
— Ora, obrigada. Entretanto, essas pílulas são imperfeitas, tendo dois grandes defeitos.
Alexia já havia percebido um deles. Agora, Nelson era careca, mas o do passado…
— O Arcebispo Representante Nelson tinha cabelo. Parece que a tal da “juventude eterna” tem algumas desvantagens. — Alexia riu.
— Não é isso. — retrucou Alpha.
Nelson concordou:
— Foi o estresse que fez meu cabelo cair.
— Sinto muito. — desculpou-se Alexia.
— Os dois maiores defeitos são que as pílulas precisam ser tomadas em intervalos regulares, pois os efeitos podem acabar. Estou certa?
— Uma vez por ano, sim.
— Eu já imaginava. E o segundo é que apenas uma pequena quantidade delas pode ser produzida por vez.
— Isso, apenas doze por ano.
— Doze? Isso me faz lembrar que há doze Cavaleiros da Távola Redonda, não é?
— Heh… — Ainda com a cabeça baixa, Nelson ria.
— Há doze cavaleiros no Culto que se chamam Cavaleiros da Távola, os quais têm poderes muito superiores aos dos outros membros. Todo mundo no Culto tem esperanças de se juntar à Távola na busca pelo poder e vida eterna que acompanham o título. Não é isso?
Nelson deu uma risada rouca.
— O Culto devota os recursos para aperfeiçoar as pílulas. A chave para isso são os descendentes que herdaram o sangue do corpo selado de Diablos e dos heróis. Pessoas como eu. Pessoas que herdaram uma forte concentração do sangue de Olivier.
— Precisamente. Sou Nelson, o Avarento, o décimo primeiro membro da Távola Redonda.
Quando ele ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam com a cor vermelha.
Ao sentir uma onda de magia, Alexia puxou a espada.
Foi nesse momento que uma lâmina de cor negra perfurou o coração de Nelson. Em um piscar de olhos, a mulher que o segurava acabou ceifando sua vida.
O corpo dele ficou flácido e caiu no chão.
— Desculpa, Alpha. Achei que era melhor caçar ele. — A voz dela soava um tanto indiferente.
— Delta…
— Sou boa em caçar. Lá na montanha, com os javalis, eu…
— Cale-se.
Delta olhou ao redor e viu que tinha feito besteira, por isso cobriu a boca.
— Dê uma olhada melhor para a sua presa.
O cadáver de Nelson estava se estilhaçando. Ele se quebrou por inteiro, então desapareceu até não sobrar nada.
Não era assim que pessoas deveriam morrer.
Quase parecia um espelho sendo quebrado…
— Aí vem ele. — avisou Alpha.
A reação de Delta foi rápida.
No momento em que a espada estava prestes a cortá-la ao meio, Delta agachou-se no chão. Então, quando a onda de choque chegou até Alexia, Delta saltou como uma besta.
Suas presas e a espada cruzaram caminho.
— O que é você, um animal…?
— Sou boa em caçar — Delta respondeu à pergunta de Nelson com uma risada animalesca.
Sangue escorria das suas longas presas, e a bochecha de Nelson estava cortada. Entretanto, ele não parecia incomodado enquanto limpava o sangue do rosto. A ferida já havia se fechado.
Delta estendeu sua katana negra à medida em que assumia uma pose de estilo animal.
Entretanto, foi interrompida na mesma hora.
— Delta, espere.
Ao ouvir a voz de Alpha, ela contorceu-se de surpresa.
— Suas orelhas estão aparecendo.
— Ah…!
As orelhas de animal de Delta estavam aparecendo pela abertura em seu traje.
Ela tentou escondê-las o mais rápido que pôde, mas seu traseiro branco acabou sendo exposto quando o fez, revelando uma cauda agitada.
— Um teriantropo… — murmurou Rose.
— Ei, hm, Alpha, sinto como se minha magia estivesse sendo sugada.
— É porque estamos próximas do centro do Santuário. — Quem respondeu à pergunta de Delta foi Nelson. — O Santuário é nosso território. Quanto mais perto você chegar, mais poder irá perder. — Sua voz estralou. Em certo momento, seu corpo separou-se em dois, mas, antes que percebessem, ele voltou a ser um. — Eu esperava conseguir me aproximar mais do núcleo, porém… aqui já está bom. Agora, permitam-me que eu me apresente uma vez mais.
Enquanto ele balançava a longa espada, a qual era maior do que a altura até o seu ombro, sem fazer esforço algum, curvou-se.
— Sou Nelson, o Avarento, décimo primeiro membro dos Cavaleiros da Távola Redonda. Você irá se arrepender por mostrar suas presas para o Culto.
Não havia vestígios de um clérigo em sua expressão. O rosto dele era o de um guerreiro feroz.
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O cenário mudou.
Eles estavam agora em um espaço totalmente branco. O céu, o chão e até mesmo a área além da linha do horizonte estavam sem contornos e completamente brancos.
Alpha e Delta estavam contra Nelson.
O corpo dele estremeceu, então separou-se em dois.
Ainda agachada, Delta inclinou-se para frente e, de maneira lenta, diminuiu a distância entre os dois.
Os braços de Alpha, por outro lado, estavam cruzados, e ela sequer segurava uma arma. Pelo contrário, apenas encarava os dois Nelsons, como se estivesse observando-os.
— … Hah! — Delta exalou, dando início à ofensiva.
Pela forma em que estava agachada, parecia um animal correndo em paralelo ao chão.
Então, avançando, moveu sua katana preta em um corte selvagem.
A katata em questão era muito mais longa do que o tamanho de uma pessoa, e o seu ataque não possuía técnica nem habilidade, apenas a pura e desenfreada violência.
O vento seguiu a violência do impacto.
A onda destrutiva atingiu Nelson e o arremessou para longe.
Ele parecia ter sido capaz de bloquear o golpe, mas surpresa era o que tomava conta de seu rosto.
— Que tipo de monstro é você…?
Delta riu.
Ela estava prestes a dar sequência ao ataque, mas, naquele instante, Nelson cortou na sua direção para impedi-la. Enquanto ela corria em frente, uma espada longa a atacou pelo lado.
— Um a menos.
— O qu…?
Enquanto ele segurava a espada no alto, uma katana negra atravessou seu rosto.
Em certo momento, Alpha chegou atrás dele e o cortou, arrancando sua cabeça.
Não houve som. Nada de sede de sangue. Apenas a cabeça de Nelson girando no ar.
Sangue jorrou do ferimento e manchou o chão branco.
No instante seguinte, entretanto, o cadáver estilhaçou-se como um espelho quebrado e desapareceu.
— O corpo parecia humano… pelo cheiro e forma com que se movia. Talvez seja uma forma do Santuário se proteger? — murmurou Alpha conforme olhava para a espada, da qual o sangue desaparecera por completo também.
— Precisamente. — Escondendo a surpresa, Nelson estava preparado. O corpo dele se dividiu uma vez mais em dois, e depois em quatro. — Parece que fui um pouco descuidado. Talvez quatro deem certo.
Um deles recuou, e os outros três atacaram.
Delta foi de frente contra eles.
Ela não se importava em estar em menor número, nem temia o risco de ser cercada. Tudo o que via era uma presa.
— Então você não passa de um brutamontes… — Nelson riu.
Delta também fez o mesmo.
Então, transformou o Nelson mais à frente em pedaços, com a espada longa e tudo mais.
Porém, os outros dois moveram-se para cercá-la, então atacaram.
As duas espadas longas cortavam na horizontal, indo na direção de Delta como se fossem uma tesoura.
Com sua rota de fuga fechada, Delta bloqueou a espada longa diante dela com a sua katana, então torceu o pescoço para virar a cabeça para trás.
Então… parou a lâmina veloz que vinha detrás com os dentes.
Quando mordeu usando os caninos, a espada quebrou com um estralo seco.
— Como…? — Nelson ficou perplexo.
Enquanto esfregava os olhos, Alpha matou os outros dois.
— Isso é impossível…
A maior parte da magia de Alpha e de Delta estava sendo restrita. Com o poder do Santuário, elas não deveriam ser capazes de controlá-la nem manipulá-la. Deveria ser impossível lutarem direito.
Mesmo assim, ainda que estivessem sob essas condições restritas, elas acabaram com muitos Nelsons.
Isso desafiava o senso comum.
— Vocês duas realmente despertaram sozinhas…? Essa técnica estava perdida há muito tempo…
Alpha respondeu com um sorriso.
Delta, por outro lado, parecia estar tendo dificuldades em controlar o seu traje. Ela agarrou o slime com as próprias mãos, então o esticou sobre os peitos e partes baixas para formar uma armadura de biquini.
O seu rosto e corpo estavam cobertos ao mínimo, mas Delta assentia com a cabeça mesmo assim, claramente satisfeita consigo mesma.
— B-Bem, isso era o que eu esperava de vocês… — A voz de Nelson tremia um pouco. — Venham, então… deixem-me mostrar o meu verdadeiro poder.
O seu corpo se multiplicou.
Desta vez, o número superava os anteriores. Havia mais de dezenas dele, talvez algo próximo de cem.
— Tantas presas… — Delta sorriu excitadamente e, então, disparou.
— Você não entende que está em menor número, animal estúpido?!
Mas quando os dois colidiram, o rosto dele se contorceu.
Muitos Nelsons voavam comicamente no ar.
— HRAAAAAAAAAAAH!! — Delta uivou, ecoando como uma risada cruel.
E assim começou o massacre.
De uma distância segura, Alexia observava em choque enquanto Delta girava sua katana negra como um ventilador elétrico.
O trabalho de espada de Delta não era igual ao de Shadow, além de também ser diferente do de Alpha e de Epsilon.
Ela não tinha uma forma nem técnica, apenas violência desenfreada. Divergia do que Alexia considerava força.
Isso a fez querer perguntar: Você está mesmo de acordo com isso?
Entretanto, o fato é que Delta era poderosa. Absurdamente poderosa.
Alpha juntou-se a ela também, e, em um piscar de olhos, todos os Nelsons foram exterminados.
— Como? Como podem ter tido tanta facilidade…?
— Você era um pesquisador, correto? — perguntou Alpha, soando estranhamente simpática. — Mesmo com cópias infinitas, ainda possui apenas um cérebro. E humanos não são espertos o suficiente para controlar de maneira adequada vários corpos de uma só vez. No momento em que chega a cem, não passam de simples espantalhos.
Delta acabou com a última cópia, e a sua cauda balançava enquanto se aproximava dele.
— Só mais um… — rosnou.
Um sorriso brutal tomava conta de seu rosto. Não importava como a visse, ela parecia uma besta sedenta por sangue.
— Aaah…! — gritou Nelson, recuando.
— Parece que há um limite para a quantidade de cópias que você pode fazer. — disse Alpha, observando-o sem emoções.
Ela tinha razão. Nelson não tinha forças para produzir mais cópias.
E foi por isso que…
… ele viu-se invocando o último guardião do Santuário.
— Venha a mim! Rápido…!
Em resposta à sua súplica patética, o ar rompeu-se.
Luz surgiu da abertura, então tomou a forma de uma mulher, a qual se assemelhava a Alpha…
— Olivier… — murmurou Alpha.
Ali estava o grande herói. Entretanto, não havia força em seus olhos. Eles eram vazios, como se fossem esferas de vidro, e pareciam tristes.
Ela ficou de frente para Delta, como se protegesse Nelson.
Delta riu.
No entanto, mesmo sendo estranho, não atacou nem se aproximou. Apenas observava sua presa com os olhos injetados, como se fizesse pouco dela.
— Olivier, o grande herói… então você realmente está… — Alpha mordeu o lábio.
Delta se lambia, limpando a baba.
Mas, então, foi interrompida.
— Alpha, terminamos a investigação!
Uma mulher de busto grande, toda vestida de preto, apareceu. Seja lá qual for o motivo, entretanto, ela ficou bem longe.
— Epsilon… suponho que nossa inspeção preliminar está pronta. — Alpha virou-se e começou a andar.
— V-Você está tentando fugir…?! — gritou Nelson, claramente aliviado.
— Não temos interesse de tirar a vida dos fracos. Nosso objetivo era acabar com a fonte do seu poder. E, agora, temos mais informações sobre as defesas do Santuário. Tudo o que resta é abri-lo.
— A-Acha que vou deixar que fujam?
— Oh? Vai tentar nos perseguir?
— Eek! — Nelson escondeu-se atrás de Oliver.
— Delta, estamos indo… Delta!
Quando Alpha agarrou Delta pela nuca, Delta afastou sua mão e mostrou-lhe as presas.
— Grrr!!
— Como é?
Com um salto, Delta voltou aos seus sentidos.
— Grrr. Sinto muito…
— Estamos indo.
— Tudo bem…
Com as orelhas baixas e a cauda por entre as pernas, Delta seguiu Alpha.
— Lady Alpha! Rápido! A saída fica nessa direção! Rápido! — Epsilon acenava e chamava sem parar. Seus dois amontoados de slime balançavam.
Depois que todos entraram na réstia de luz, lideradas por Epsilon, o silêncio tomou conta do Santuário uma vez mais.
Nelson sentou-se e deu um suspiro de alívio.
— B-Bem, não importa mais. Agora eu já vi o rosto daquela mulher, Alpha. Com o seu sangue, chegaremos mais perto da finalização. Tudo está indo de acordo com o plano. — grunhiu ele. — P-Primeiro, eu deveria relatar aos chefes. Posso dizer que os atraí para o Santuário, armei minha armadilha e descobri a verdadeira natureza de Alpha.
Se descrevesse desta maneira, salvaria a própria pele.
— Então, irei… Hmm?
De repente, percebeu algo de errado ao seu redor.
— Estranho… Parece que um camundongo se infiltrou no centro do Santuário.
Ele olhou ao redor, e um sorriso perverso surgiu em seus lábios.
— Heh, atormentá-lo pode ser uma bela distração. Venha comigo, Olivier.
Com isso, Nelson e Olivier desapareceram.
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