86: Oitenta e Seis

86: Oitenta e Seis – Vol. 01 – Prólogo – As papoulas que florescem vermelhas no campo de batalha

 

Nenhum país vai se importar de dar direitos humanos para porcos,

Portanto, enquanto a língua, a cor da pele e os ancestrais forem considerados diferentes, serão tratados apenas como porcos que se parecem com humanos; reprimi-los e matá-los com certeza não será tratado como uma violação aos direitos humanos, em si.

—Vladlena Milize, Memórias

 

 

< Iniciando Sistema.>

<RMI MIA4 <Juggernaut> Os Ver 8.15>

Um sinal de conexão sem fio obsoleto ecoou em meio a ruídos ensurdecedores.

— Controlador um para Cangalheiro. Interceptadores inimigos foram detectados no radar, esse batalhão consiste de artilharia antitanque e combatentes de curta distância.

— Cangalheiro aqui, entendido. Detectando movimentos.

— Daqui em diante, toda a autoridade será transferida para o comandante do campo de batalha. Pelo bem do nosso país, eliminem todos os inimigos da República, mesmo que isso signifique terem que sacrificar suas próprias vidas.

— Entendido.

— Me desculpem, pessoal. Eu sinto muito.

— Encerrando transmissão.

<Cockpit fechado.>

<Motor ligado. Atuador ativado. Liberando articulações.>

<Estabilizadores operando. Sequência de verificação de quadros ok. Vetronics offline. Iniciando modo de caça.>

— Cangalheiro para todos, Controlador um cedeu o comando. Assumindo o controle.

— Alpha líder aqui. Entendido. Como sempre, o “Deus da morte”. Certo, quais são as últimas ordens daquela princesinha mimada de merda?

— Sinto muito.

Uma gargalhada podia ser ouvida do outro lado da linha.

— Pff, sempre a mesma porca branca de sempre. Como dizem “O que os olhos não veem o coração não sente” não é mesmo? O que diabos foi esse pedido de desculpa… rapazes, vocês ouviram isso? Bem, vamos morrer de qualquer forma; não acho que é algo tão ruim assim o “Deus da morte” nos levar para o Estige1Na mitologia grega, é um dos rios que dividem o mundo dos vivos e mundo dos mortos..

— Sessenta segundos até o confronto frontal… sob fogo inimigo. Passem pelo fogo inimigo o mais rápido possível.

— Certo então, vamos pessoal!

<Manobra de combate iniciada>

< Inimigos detectados: “Designando B1” “Designando B2” “B3” “B4” “B5” “B6” “B7” “B8” “B9” “B10” “B11” “B12” “B13” “B14” “B15” “B16” “B17” “B18” “B19” “B20” “B21” “B22” “B23” “B24” —…>

<Contagem final: B210>

— Aqui é o Delta líder! Não deixem eles avançarem. Acabem com eles aqui!!

— Charlie três! Inimigo às 10 horas! Fujam-merda!!

— Echo um para esquadrão. Echo líder KIA2KIA significa Killed in Action, em português: morto em combate.. Echo um assumindo o comando.

— Aqui é o Bravo dois… desculpe pessoal. Aqui é o fim da linha.

— Alpha líder. Aguente mais um pouco, Alpha três! Mandando reforços agora! Alpha um assuma o comando!

— Entendido. Boa sorte Alpha líder.

— Deixo isso para você… Ei, Shin. Cangalheiro.

— O quê?

— Você ainda se lembra da promessa, certo?

— … Sim.

— C1: Sinal perdido.

— Unidades aliadas: Zero.

A voz do comandante soou pelo fone de ouvido barulhento, o qual fora retirado de sua cabeça e colocado ao lado, fundindo-se com a brisa do pôr do sol.

— Aqui… é o… Controlador um para todos do fronte de batalha. Vocês me ouvem? Fronte de batalha, por favor respondam.

O ser de carne e osso que estava dentro da barriga da máquina em forma de casulo abriu a escotilha, estendeu a mão para fora do cockpit e alcançou o botão do comunicador.

— Cangalheiro para Controlador um. Todos os inimigos foram eliminados. Confirmando a retirada inimiga. Fim da operação. Pronto para retornar.

— …Cangalheiro. Tem mais alguém aí?

— Encerrando transmissão.

Ele encerrou a transmissão antes de ouvir o final daquela pergunta idiota, que não tinha necessidade ou obrigação de ouvir.

As Papoulas vermelhas estavam florescendo no horizonte sob o anoitecer. As chamas aumentavam as sombras dos seres de ferro e das carcaças das aranhas de quatro patas que estavam no chão, parcialmente destruídas, o interior era visível em certos ângulos. Aliado ou inimigo, todos tiveram o mesmo fim.

Lá não se encontrava mais nada que estivesse vivo. Não importava onde, por mais distante que fosse o lugar, tudo o que sobrou eram cadáveres e as almas errantes desses cadáveres.

Um silêncio cruel ecoava. No final da pradaria, além das montanhas que pareciam grandes sombras negras, o sol poente no horizonte refletia uma luz carmesim.

Envolto por aquela luz carmesim, ou envolto naquelas sombras escuras, ele e a máquina eram as únicas coisas com vida naquele mundo que praticamente tinha cortado seus laços com a vida.

As longas e finas patas que imitavam as de um artrópode. A armadura enferrujada coberta de manchas e incontáveis cicatrizes tinha lâminas de alta frequência parecidas com patas de caranguejo e um canhão principal nas costas. A sua silhueta lembrava a de uma aranha, o grande canhão no topo da armadura era sustentado por quatro patas que se pareciam com as de um escorpião. E agora esse ser parecia apenas um esqueleto vagando pelo campo de batalha procurando sua mão perdida.

Deu um longo suspiro, apoiando-se no corpo da máquina que estava esfriando com a brisa noturna, e encolhido sob o anoitecer, apenas levantou a cabeça para olhar o céu que estava em chamas.

Estas flores nasceram do sangue de seus amados aliados que morreram, como um presente de despedida ao conquistador de um país do extremo oriente.

Estas flores floresceram com o sangue dos cavaleiros que foram massacrados pelos bárbaros invasores.

O vermelho carmesim das papoulas floresceu no campo de batalha de uma forma tão enlouquecidamente linda sob o anoitecer, que até parecia pronto para queimar o céu.

 


 

Tradução: Shintaro

Revisão: Hiroshi

QC: Bravo

 

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Bravo

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